Vamos acelerar os lançamentos, diz VP da Cury após superar expectativas em 2024

Em entrevista à Bloomberg Línea, Leonardo Mesquita disse que a construtora voltada para o público de baixa renda se preparou do ponto de vista de terrenos para aproveitar as oportunidades neste ano

Porto Maravilha, no Rio de Janeiro, área de empreendimentos da construtora Cury
12 de Março, 2025 | 05:30 AM

Bloomberg Línea — A Cury apresentou um resultado acima das expectativas em 2024, embalada por um ano de forte crescimento para as construtoras de baixa renda. A companhia fechou o ano com lucro líquido de R$ 698,8 milhões, sendo R$ 188,9 milhões referentes ao quarto trimestre.

O resultado divulgado na noite de terça-feira (11) ficou acima do consenso de analistas consultados pela Bloomberg, que estimava um resultado de R$ 657 milhões para o ano e de R$ 171,6 milhões no último trimestre de 2024.

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A construtora foi beneficiada por dois fatores, segundo avaliação de Leonardo Mesquita, vice-presidente comercial da Cury. O primeiro deles foi o reajuste na faixa de renda do Minha Casa Minha Vida (MCMV) com o relançamento do programa habitacional em 2023, que expandiu o valor máximo do imóvel que pode ser adquirido na faixa mais alta de R$ 264.000 para R$ 350.000.

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O segundo fator foi a aprovação nos últimos anos dos planos diretores das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, que permitiram a oferta de unidades habitacionais de interesse social em regiões mais centrais, o que aumentou a atratividade dos imóveis.

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“Antes, um empreendimento da Cury ficava a 30 ou 40 quilômetros de distância do centro. Hoje, todos estão em um raio de 20 quilômetros das áreas centrais. É uma diferença surreal”, afirmou Mesquita em entrevista à Bloomberg Línea.

Para 2025, a Cury pretende acelerar os lançamentos – mesmo com a piora do cenário macroeconômico, com juros altos e inflação persistente. A avaliação de Mesquita é que os terrenos assegurados pela construtora são um de seus maiores trunfos para navegar o momento mais desafiador para a economia.

“Conseguimos chegar ao final de 2024 com o estoque em um nível muito baixo. Isso nos permite dar esse próximo passo de lançamentos com mais força, já que o estoque é nosso maior termômetro”, disse o executivo.

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Leonardo Mesquista, vice-presidente comercial da Cury

A Cury fechou o ano com estoque de R$ 1,83 bilhão, com 98,6% do montante voltado para unidades lançadas ou em construção e apenas 1,4% referente a unidades concluídas.

O VP disse que é preciso esperar a recepção dos primeiros esforços de 2025 para calibrar o apetite do mercado. Conhecida por concentrar os lançamentos nos primeiros meses do ano, a Cury já lançou 14 empreendimentos em 2025, com R$ 2,8 bilhões em valor geral de vendas (VGV).

Em 2024, foram 34 lançamentos, com R$ 6,6 bilhões em VGV. A companhia não fornece guidance de lançamentos, mas o Itaú BBA estima que o indicador deve alcançar R$ 8 bilhões este ano.

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“Lançamos de forma expressiva no primeiro trimestre e, se conseguirmos vender o máximo possível, será um grande sinalizador para os próximos meses. Nos preparamos muito em landbank para aproveitar as oportunidades [deste ano]”, disse.

O banco de terrenos da empresa alcançou valor recorde de R$ 20,1 bilhões em 2024, o que, segundo a Cury, garante um pipeline robusto para os próximos ciclos.

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Questionado sobre a alta da inflação do setor construtivo, Mesquita afirmou que o indicador está dentro do esperado pela companhia.

O INCC (Índice Nacional de Custo da Construção) desacelerou em fevereiro, mas, ainda assim, atingiu 7,18% no acumulado de 12 meses, contra 3,23% no mesmo período do ano passado.

“Não estamos no mesmo patamar da pandemia, que gerou níveis de inflação ‘fora da realidade’. Ainda estamos dentro do que estava programado, do que já vemos acontecendo há muitos anos no Brasil”.

A ação da Cury (CURY3) é a favorita de analistas do Itaú BBA e do BTG Pactual para o setor de construção de baixa renda. Entre analistas de bancos e corretoras que cobrem a empresa, segundo a Bloomberg, 12 recomendam a compra da ação. Em 12 meses, a ação acumula alta de cerca de 10%.

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Beatriz Quesada

Jornalista especializada na cobertura econômica. Formada pela USP, escreve sobre mercados, negócios e setor imobiliário. Tem passagens por Exame, Capital Aberto e BandNews FM.