Bloomberg Línea — O CEO da Vale (VALE3), Eduardo Bartolomeo, disse que a companhia não vai mudar sua estratégia mesmo em um eventual cenário de fusão entre a australiana BHP e a britânica Anglo American. A proposta entre as rivais foi confirmada na noite desta quarta-feira (24).
A Vale anunciou em fevereiro um acordo para aquisição de uma fatia de 15% no complexo Minas-Rio, da Anglo, em uma operação que envolverá recursos de minério de ferro da brasileira.
“Não vemos nenhum passo para trás no acordo Minas-Rio, é algo que negociamos com a Anglo e será respeitado pelo que vier depois, se vier depois. Acreditamos que a Vale tem uma posição única na indústria, não mudamos nosso foco e estratégia”, disse o executivo a investidores nesta quinta-feira (25).
Questionado sobre os ativos da Anglo American, Bartolomeo afirmou que há melhores alternativas “dentro de casa”.
“Obviamente estaríamos interessados nos ativos [da Anglo], mas temos melhores opções dentro de casa, e mais baratas. Dar lance nos ativos não faria sentido para nós”, comentou. “Quanto ao acordo do Minas-Rio, ele está protegido”, destacou.
Os papéis da Vale caíam 1,92% por volta das 13h51 (horário de Brasília).
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A Anglo American informou na quarta-feira que recebeu uma proposta de fusão não solicitada, toda em ações, por parte da BHP, e que está revisando a proposta. A notícia foi antecipada pela Bloomberg News.
Bartolomeo acrescentou que a Vale tem uma plataforma de crescimento forte, com aumento de produção de minério de ferro de qualidade com baixo custo.
“Quando olhamos para metais básicos, temos os melhores projetos no Brasil, no Canadá e na Indonésia. Não mudamos nosso foco e estratégia de transformação em base metals. Temos um tremendo valor para extrair daí”, afirmou o CEO.
Perspectivas de mercado
Nesta quarta-feira, a Vale reportou uma queda de 10% do lucro líquido no primeiro trimestre, para US$ 1,68 bilhão, em meio aos preços mais baixos de finos de minério de ferro praticados no período. De janeiro a março, o Ebitda ajustado caiu 7% ano contra ano, também impactado pelas cotações da commodity.
Para o vice-presidente executivo de soluções de minério de ferro da Vale, Marcello Spinelli, o momento é resiliência no mercado chinês, o mais relevante para a companhia.
“Todas as condições macroeconômicas na China estão bem, os estoques de aço no país estão menores do que no ano passado e as margens estão melhorando. Vemos o mercado bem similar ao ano que passou”, disse a investidores.
Em produtos premium, Spinelli disse que o momento é de estabilidade. “Esse mercado vem estável por alguns trimestres.”