Vale: lucro recua 17% no 1º trimestre diante da queda dos preços do minério de ferro

No período, a mineradora reportou um resultado líquido de US$ 1,39 bilhão, com a geração de caixa impactada pela menor cotação da commodity

Signage at the Vale Copper Cliff Nickel Smelter in Sudbury, Ontario, Canada, on Wednesday, June 1, 2022. Nickel is the key ingredient in the stainless steel used in everyday appliances, but it's also critical for the transition away from fossil fuels, since it's used in the batteries automakers need to electrify the world’s car fleet.
24 de Abril, 2025 | 10:11 PM

Bloomberg Línea — A Vale (VALE3) reportou lucro líquido de US$ 1,39 bilhão no primeiro trimestre do ano, queda de 17% sobre igual período de 2024, no momento em que as mineradoras são afetadas pela menor produção e pelos preços mais baixos do minério de ferro, diante das incertezas sobre a economia mundial causadas pela guerra tarifária de Donald Trump.

No critério pró-forma, o lucro líquido da companhia atingiu US$ 1,5 bilhão no período, recuo de 13% na comparação anual, informou a Vale em balanço enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) na noite desta quinta-feira (24).

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A queda ocorreu principalmente devido ao lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) pró-forma reduzido e a impostos mais elevados, relacionados ao efeito dos ativos de energia mantidos para venda, destacou a companhia no documento.

“Esses efeitos foram parcialmente compensados por um impacto positivo do resultado financeiro, impulsionado pela valorização do real sobre o dólar americano”, disse a empresa.

O lucro líquido atribuído aos acionistas da Vale foi de US$ 1,4 bilhão, uma queda de 17% em relação ao mesmo intervalo de 2024.

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Leia mais: Vale: produção menor de minério deve pesar no resultado do 1º tri, segundo analistas

O Ebitda ajustado da Vale no primeiro trimestre foi de US$ 3,11 bilhões, queda de 9% sobre um ano antes. No critério pró-forma, o indicador alcançou US$ 3,21 bilhões, recuo de 8% na mesma base de comparação.

O resultado ficou abaixo do resultado estimado por analistas consultados pela Bloomberg, que projetavam Ebitda de US$ 3,3 bilhões na mediana.

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A receita líquida atingiu US$ 8,11 bilhões de janeiro a março, retração de 4% ante igual período do ano passado.

“Tivemos um início de ano consistente, alinhado com nossos objetivos para 2025. Estamos vendo um bom momento na gestão de custos, continuando a trajetória de queda ano a ano”, disse no documento o CEO da Vale, Gustavo Pimenta.

A companhia registrou um preço médio de finos de minério de ferro de US$ 90,8 por tonelada no primeiro trimestre, desempenho “praticamente estável” sobre o trimestre imediatamente anterior e 10% inferior ao resultado de um ano antes.

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Segundo bancos de investimento consultados pela Bloomberg Línea, o resultado da Vale no primeiro trimestre seria impactado pela retração dos volumes e dos preços do minério de ferro.

Custos

A mineradora afirmou que o custo caixa C1 (da mina ao transporte de ferrovia e porto) de finos de minério de ferro, excluindo compras de terceiros, diminuiu 11% ano contra ano, atingindo US$ 21 por tonelada no primeiro trimestre.

“A Vale segue plenamente confiante em atingir seu guidance de custo caixa C1 para 2025 de US$ 20,5 a 22 por tonelada”, salientou a companhia.

A dívida líquida expandida da Vale totalizou US$ 18,2 bilhões no primeiro trimestre, diante do aumento da dívida líquida para US$ 12,2 bilhões, como resultado de dividendos e juros sobre capital próprio pagos no trimestre, informou.

O prazo médio da dívida aumentou para 9,5 anos no final do trimestre, ante 8,7 anos no intervalo imediatamente anterior.

No primeiro trimestre, o Ebitda do segmento de metais para transição energética mais do que dobrou sobre um ano antes, para US$ 554 milhões, impulsionado principalmente pelo desempenho do negócio de cobre.

No negócio de cobre, o Ebitda aumentou 92% ano contra ano, para US$ 546 milhões, impactado por preços realizados mais altos e receitas mais fortes de subprodutos, informou a companhia.

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Juliana Estigarríbia

Jornalista brasileira, cobre negócios há mais de 12 anos, com experiência em tempo real, site, revista e jornal impresso. Tem passagens pelo Broadcast, da Agência Estado/Estadão, revista Exame e jornal DCI. Anteriormente, atuou em produção e reportagem de política por 7 anos para veículos de rádio e TV.