Bloomberg Línea — A Vale (VALE3) reportou lucro líquido de US$ 1,39 bilhão no primeiro trimestre do ano, queda de 17% sobre igual período de 2024, no momento em que as mineradoras são afetadas pela menor produção e pelos preços mais baixos do minério de ferro, diante das incertezas sobre a economia mundial causadas pela guerra tarifária de Donald Trump.
No critério pró-forma, o lucro líquido da companhia atingiu US$ 1,5 bilhão no período, recuo de 13% na comparação anual, informou a Vale em balanço enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) na noite desta quinta-feira (24).
A queda ocorreu principalmente devido ao lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) pró-forma reduzido e a impostos mais elevados, relacionados ao efeito dos ativos de energia mantidos para venda, destacou a companhia no documento.
“Esses efeitos foram parcialmente compensados por um impacto positivo do resultado financeiro, impulsionado pela valorização do real sobre o dólar americano”, disse a empresa.
O lucro líquido atribuído aos acionistas da Vale foi de US$ 1,4 bilhão, uma queda de 17% em relação ao mesmo intervalo de 2024.
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O Ebitda ajustado da Vale no primeiro trimestre foi de US$ 3,11 bilhões, queda de 9% sobre um ano antes. No critério pró-forma, o indicador alcançou US$ 3,21 bilhões, recuo de 8% na mesma base de comparação.
O resultado ficou abaixo do resultado estimado por analistas consultados pela Bloomberg, que projetavam Ebitda de US$ 3,3 bilhões na mediana.
A receita líquida atingiu US$ 8,11 bilhões de janeiro a março, retração de 4% ante igual período do ano passado.
“Tivemos um início de ano consistente, alinhado com nossos objetivos para 2025. Estamos vendo um bom momento na gestão de custos, continuando a trajetória de queda ano a ano”, disse no documento o CEO da Vale, Gustavo Pimenta.
A companhia registrou um preço médio de finos de minério de ferro de US$ 90,8 por tonelada no primeiro trimestre, desempenho “praticamente estável” sobre o trimestre imediatamente anterior e 10% inferior ao resultado de um ano antes.
Segundo bancos de investimento consultados pela Bloomberg Línea, o resultado da Vale no primeiro trimestre seria impactado pela retração dos volumes e dos preços do minério de ferro.
Custos
A mineradora afirmou que o custo caixa C1 (da mina ao transporte de ferrovia e porto) de finos de minério de ferro, excluindo compras de terceiros, diminuiu 11% ano contra ano, atingindo US$ 21 por tonelada no primeiro trimestre.
“A Vale segue plenamente confiante em atingir seu guidance de custo caixa C1 para 2025 de US$ 20,5 a 22 por tonelada”, salientou a companhia.
A dívida líquida expandida da Vale totalizou US$ 18,2 bilhões no primeiro trimestre, diante do aumento da dívida líquida para US$ 12,2 bilhões, como resultado de dividendos e juros sobre capital próprio pagos no trimestre, informou.
O prazo médio da dívida aumentou para 9,5 anos no final do trimestre, ante 8,7 anos no intervalo imediatamente anterior.
No primeiro trimestre, o Ebitda do segmento de metais para transição energética mais do que dobrou sobre um ano antes, para US$ 554 milhões, impulsionado principalmente pelo desempenho do negócio de cobre.
No negócio de cobre, o Ebitda aumentou 92% ano contra ano, para US$ 546 milhões, impactado por preços realizados mais altos e receitas mais fortes de subprodutos, informou a companhia.
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