Bloomberg — Os dois maiores fornecedores de minério de ferro do mundo, a Rio Tinto e a Vale, aumentaram a produção do insumo siderúrgico no terceiro trimestre, mesmo com a demanda da China diante de ventos contrários em razão da crise imobiliária do país.
A produção da Rio Tinto subiu cerca de 1% no período em relação ao ano anterior, enquanto a Vale (VALE3) superou as estimativas de mercado e apresentou seu maior volume desde o final de 2018, antes do desastre de colapso de barragem de Brumadinho, que desencadeou interrupções que duraram anos.
A demanda de minério de ferro no principal comprador do mundo, a China, continua em risco devido a uma queda no setor imobiliário, que é intensivo em metais, embora isso tenha sido parcialmente compensado por alguns setores da indústria manufatureira, bem como pelo aumento das exportações de aço.
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Os futuros do minério de ferro caíram quase 25% neste ano, já que a oferta supera a demanda.
“A recuperação econômica da China tem sido desigual, o que levou a um maior apoio do governo para sustentar o crescimento”, disse a Rio Tinto em seu relatório de produção.
“À medida que a economia faz a transição do setor imobiliário para novas áreas de crescimento, a demanda futura de commodities se tornará mais dependente de fabricação avançada, incluindo veículos elétricos e infraestrutura de energia.”
As principais empresas de minério de ferro do mundo continuam a reforçar seus suprimentos, com suas operações de grande escala protegidas por custos por tonelada que permanecem muito abaixo dos níveis atuais à vista.
A BHP, o terceiro maior produtor global, divulga sua produção trimestral nesta quinta-feira (17).
A produção da Vale, que chegou a 91 milhões de toneladas no terceiro trimestre, superou a produção das minas da Rio Tinto na região de Pilbara, de 84,1 milhões de toneladas.
A anglo-australiana manteve o guidance (projeção) para o ano inteiro para o minério de ferro em uma faixa que vai de 323 milhões a 338 milhões de toneladas, enquanto a Vale disse que espera produzir entre 323 milhões e 330 milhões de toneladas em 2024.
“As pressões de custo em Pilbara continuam a ser um pequeno vento contrário” para a Rio Tinto, disseram analistas da Jefferies, incluindo Christopher LaFemina, em uma nota a clientes. O minério de ferro “deve ser um negócio enorme e subestimado para a Vale”, disse ele em uma nota separada.
As ações da Rio Tinto fecharam com queda de 1,06% em Sydney.
Medidas de apoio
O mercado de commodities observa atentamente o que a China fará para apoiar sua economia em desaceleração, com todos os olhos voltados para uma reunião do ministro da habitação na quinta-feira, que deve dar mais detalhes sobre os planos para enfrentar a queda no setor imobiliário.
A demanda de aço na China deve cair 3% neste ano, de acordo com a World Steel Association.
Enquanto isso, a produção de cobre da Rio Tinto no último trimestre teve queda de 1% em relação ao ano anterior, enquanto a produção de bauxita aumentou 8%, e a de alumínio caiu 2%.
A Rio Tinto disse que a “demanda reprimida” por cobre na China retornou no terceiro trimestre, uma vez que os fabricantes não compraram em meio aos altos preços do período anterior.
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“A demanda no resto do mundo foi mista, com um forte desempenho na Ásia desenvolvida compensado pela fraqueza na Europa”, disse a mineradora.
A Rio Tinto disse que tem aumentado a produção em seu portfólio tradicional de minério de ferro e cobre. Seu maior projeto é a mina de minério de ferro Simandou, na Guiné, que entregará a primeira carga no próximo ano e aumentará para 60 milhões de toneladas por ano logo em seguida.
A mineradora com sede em Londres também informou que seu projeto de minério de ferro Western Range, de US$ 2 bilhões, em Pilbara, está 80% concluído. A empresa tem realizado estudos de cinco outros projetos que acrescentariam mais 40 milhões de toneladas de suprimento.
O minério de ferro ainda responde por cerca de dois terços da receita da Rio Tinto, mas o grupo busca diversificar para outras commodities, incluindo o lítio. No início deste mês, anunciou a aquisição da Arcadium Lithium por US$ 6,7 bilhões, em seu retorno à negociação após mais de uma década.
- Com a colaboração de Jake Lloyd-Smith.
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