Bloomberg Línea — A Vale (VALE3) anunciou na noite desta quinta-feira (27) a assinatura de um acordo vinculante para venda de uma fatia de 13% da sua divisão de metais básicos, a Vale Base Metals (VBM), por US$ 3,4 bilhões.
Segundo o acordo, a Manara Minerals, uma joint venture entre a mineradora saudita Ma’aden e o Fundo Soberano da Arábia Saudita (PIF), deterá 10% da subsidiária, enquanto a gestora norte-americana Engine No. 1 terá participação de 3%. A transação avalia a divisão em US$ 26 bilhões.
A oferta do fundo saudita foi antecipada pela Bloomberg News, que indicou a venda de uma participação total de 10%. A Engine No. 1 é uma gestora focada em investimentos ligados a temas de descarbonização e relocalização das cadeias de suprimentos na América do Norte.
“Esta parceria estratégica irá acelerar o crescimento da VBM, apoiando a transição energética global. Ao longo da próxima década, espera-se que a VBM invista de US$ 25 bilhões a US$ 30 bilhões em projetos minerais estratégicos, possibilitando um potencial aumento de produção”, disse a Vale em fato relevante.
Com os investimentos, a estimativa é de aumento de produção em cobre de cerca de 350 mil toneladas por ano para 900 mil toneladas por ano, e de aproximadamente 175 mil toneladas de níquel para 300 mil anuais.
A companhia informou que o montante total será pago à vista para a divisão na conclusão da transação. O fechamento da transação está previsto para o primeiro trimestre de 2024, sujeito a condições e aprovação de autoridades regulatórias.
A transação faz parte da estratégia da brasileira de destravar valor no negócio de metais básicos, em meio ao crescimento acelerado da demanda por veículos elétricos, que utilizam justamente insumos como cobre e níquel. A intenção da mineradora é transformar, posteriormente, a divisão em uma unidade de negócio independente, com eventual IPO (oferta pública de ações).
“Com nosso portfólio de alta qualidade, estamos posicionados de maneira única para atender à crescente demanda por metais verdes, essenciais à transição energética global”, disse no fato relevante o CEO da Vale, Eduardo Bartolomeo.
Recentemente, a Vale trouxe nomes de peso do mercado para sua recém-criada equipe de “metais de transição”. Além do ex-executivo da Tesla Jerome Guillen, a companhia contratou Mark Cutifani, ex-Anglo American e AngloGold Ashanti, para a presidência do conselho independente de metais básicos da mineradora.
Balanço trimestral
A Vale também divulgou nesta noite de quinta que registrou um lucro líquido de US$ 928 milhões no segundo trimestre de 2023, ante US$ 6,2 bilhões um ano antes - valor 78% menor.
Segundo a companhia, o resultado se deveu principalmente a menores preços realizados de minério de ferro e níquel, apreciação do real e baixa de tributos diferidos relacionados às provisões da Fundação Renova, após plano de recuperação judicial da Samarco Mineração.
Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado proforma das operações continuadas alcançou US$ 4,1 bilhões no segundo trimestre, ou US$ 1,4 bilhão abaixo de igual período do ano anterior, principalmente devido a menores preços realizados de finos de minério de ferro e níquel.
A receita líquida atingiu US$ 9,6 bilhões, ante US$ 11,1 bilhões de um ano antes. O preço realizado de finos de minério de ferro foi de US$ 98,5 por tonelada de abril a junho, valor US$ 14,8 bilhões menor no ano contra ano devido principalmente aos menores preços de referência, informou a companhia.
Por outro lado, a empresa disse que a queda foi parcialmente compensada por um menor impacto dos ajustes do sistema de precificação.
A dívida líquida expandida da companhia ao final do trimestre foi de US$ 14,7 bilhões, um aumento de US$ 300 milhões trimestre contra trimestre, impulsionado principalmente pelo montante de US$ 1,4 bilhão do programa de recompra de ações no período e de US$ 800 milhões no fluxo de caixa livre das operações. A meta de alavancagem da companhia é de um intervalo entre US$ 10 bilhões e US$ 20 bilhões.
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