Vale, BHP e Rio Tinto: mineradoras enfrentam queda das vendas e turbulência tarifária

Maiores produtoras de minério de ferro do mundo relataram quedas nos embarques trimestrais em relação ao ano anterior

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Bloomberg — As maiores produtoras de minério de ferro do mundo enfrentam um começo de ano difícil, após condições climáticas extremas impactarem a produção e enquanto seu maior cliente, a China, se prepara para uma guerra comercial.

Esta semana, a BHP, a Rio Tinto e a Vale (VALE3) relataram quedas nos embarques trimestrais em relação ao ano anterior, resultado de disrupções causadas por ciclones em Pilbara, na Austrália, e fortes chuvas no norte do Brasil.

A Rio Tinto foi a mais afetada, com as exportações em queda de 9%, uma mínima de seis anos.

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Isso faz com que as empresas precisem se atualizar em relação às suas metas de fornecimento num momento em que a escalada das tensões com os Estados Unidos pode causar estragos na economia chinesa.

A questão agora é se Pequim oferecerá estímulo suficiente para sustentar a demanda por aço e seus insumos, entre os quais o minério de ferro é essencial.

“Podemos ver uma fase de recuperação em que essas empresas aumentarão a produção para compensar a perda de volume”, disse David Cachot, diretor de pesquisa em minério de ferro da Wood Mackenzie.

“Os participantes do mercado aguardam para ver o que Pequim fará para estimular ainda mais sua economia, uma fonte adicional de preocupação que o país não precisava.”

Mercado em queda

Antes das interrupções no fornecimento e das tensões comerciais aumentarem, o mercado de minério de ferro já lidava com um aumento na oferta, justamente quando a demanda na economia da China, em fase de maturação, estava diminuindo.

Ainda assim, os contratos futuros de referência do minério de ferro em Singapura estavam estáveis, com média em torno de US$ 103 a tonelada nos primeiros três meses, praticamente o mesmo montante do trimestre anterior.

A cotação chegou a despencar no início deste mês, para menos de US$ 95 a tonelada em determinado momento, depois que o governo Trump anunciou tarifas punitivas sobre a China, e Pequim respondeu com tarifas igualmente impactantes sobre os Estados Unidos.

Agora, as metas econômicas da China são colocadas em dúvida, e as autoridades estabeleceram um objetivo claro de expandir o consumo interno para compensar o impacto nas exportações. Isso poderia aumentar a demanda pelo aço usado em veículos, bens duráveis ​​domésticos e máquinas.

Os operadores de minério de ferro provavelmente também esperam que Pequim não ignore o manual que usou durante crises anteriores, que envolve investir pesadamente em infraestrutura intensiva em aço para gerar crescimento.

O CEO da BHP, Mike Henry, alertou na quinta-feira (17) que o crescimento global mais lento e um ambiente comercial fragmentado poderiam ter um impacto significativo sobre a empresa.

“A capacidade da China de migrar para uma economia voltada para o consumo e de os fluxos comerciais se adaptarem ao novo ambiente será fundamental para sustentar a perspectiva global”, disse ele.

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