Unilever tenta recuperar participação de mercado à medida que a inflação diminui

Companhia é a primeira das grandes empresas de alimentos da Europa a divulgar seus resultados deste mês

Receita da companhia cresceu 4,7% no último trimestre de 2023
Por Dasha Afanasieva
08 de Fevereiro, 2024 | 09:37 AM

Bloomberg — A Unilever (UL) vendeu mais produtos como desodorante e maionese pela primeira vez em mais de dois anos, à medida que a redução da inflação encorajou os consumidores a comprarem mais.

A receita cresceu 4,7% no último trimestre de 2023, um pouco acima das estimativas dos analistas.

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O crescimento do volume retornou pela primeira vez desde 2021, à medida que a Unilever busca recuperar a participação de mercado perdida nos últimos trimestres. As ações subiram até 3,9% em Londres, o maior ganho intradiário em quatro meses.

A Unilever é a primeira das grandes empresas de alimentos da Europa a divulgar seus resultados deste mês, e seus números podem sinalizar que os consumidores estão prontos para comprar mais produtos novamente, agora que a pior fase da inflação passou.

As empresas de bens de consumo vinham aumentando as vendas por meio de preços mais altos, mas estavam perdendo participação de mercado à medida que alguns consumidores recuavam e passavam a comprar marcas de supermercado.

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O CEO Hein Schumacher está apostando em uma nova virada para melhorar a lucratividade da Unilever.”A maior oportunidade para criação de valor é melhorar o que temos”, disse Schumacher à Bloomberg TV.

Em outubro, o novo CEO apresentou seu plano para revitalizar o crescimento do conglomerado, prometendo focar os investimentos em suas 30 principais marcas, que representam cerca de três quartos da receita.

A Unilever também está tentando medir melhor a atratividade da marca, impulsionar a inovação lançando novos produtos, além de fazer pequenas aquisições e desinvestimentos para ajustar seu portfólio.

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Até agora, Schumacher rejeitou pedidos para dividir a empresa, afirmando que tentará reviver o desempenho sem medidas mais drásticas.

Porém, os resultados novamente mostraram que sorvetes e outros produtos alimentícios estão ficando atrás de cuidados pessoais, beleza e de produtos para a casa, o que serve como mais munição para investidores e analistas que apoiam uma separação.

A divisão de sorvetes foi a que registrou o crescimento mais lento, com vendas subjacentes aumentando decepcionantes 2,3% no ano passado e queda na lucratividade.

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A proporção das operações da Unilever que ganharam fatia de mercado foi de apenas 37% no ano passado, depois que os consumidores passaram a comprar marcas de supermercado e a Unilever reduziu sua gama de produtos.

Schumacher afirmou que a “competitividade da empresa continua decepcionante e o desempenho global precisa melhorar”.

Essa opinião foi ecoada pelos analistas. James Edwardes Jones, do RBC, disse que o aumento dos gastos com marketing como proporção das vendas no segundo semestre é "encorajador, mas a competitividade ainda não respondeu e vemos poucas razões para ficar excessivamente animados".

Schumacher confirmou um crescimento das vendas entre 3% e 5%, com uma expansão modesta da margem para 2024.

A Unilever aumentou sua margem bruta em 2 pontos percentuais no ano passado, após uma aceleração no segundo semestre, com a redução dos custos de matérias-primas. A empresa afirmou que iniciará recompra de ações no valor de 1,5 bilhão de euros (US$ 1,6 bilhão) no segundo trimestre.

-- Com a colaboração de Francine Lacqua.

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