UBS: investment banking impulsiona resultado, mas regulação é risco no radar

Uma regulamentação suíça mais rígida, que será elaborada nos próximos dois anos, pode significar exigências de capital muito maiores ao banco

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Bloomberg — O UBS registrou um lucro maior do que o esperado no segundo trimestre, uma vez que a receita de investment banking e o avanço na integração do Credit Suisse ajudaram os esforços do CEO Sergio Ermotti para devolver capital aos acionistas.

O banco sediado em Zurique informou que o lucro líquido foi de US$ 1,1 bilhão, aproximadamente o dobro das estimativas dos analistas.

O crescimento da receita de trading no investment banking superou muitos pares de Wall Street, enquanto uma perda menor do que a esperada na unidade dedicada à liquidação dos ativos herdados do Credit Suisse ajudou a compensar gastos maiores com advisors na divisão de wealth management.

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Um ano após a conclusão da aquisição do Credit Suisse, o UBS está no caminho certo para atingir os níveis de lucratividade anteriores à fusão e planeja recomprar cerca de US$ 1 bilhão em ações este ano.

No entanto, uma regulamentação suíça mais rígida, que será elaborada nos próximos dois anos, pode significar exigências de capital muito maiores, levando os analistas a questionarem se o banco terá que reduzir seus pagamentos.

“Não acho que isso vá acontecer”, disse Ermotti em entrevista à Bloomberg TV. “Descobriremos provavelmente no final deste ano, no início de 2025, a direção esperada. Então, poderemos fazer uma decisão.”

Ermotti disse que o banco entrou em discussões técnicas com o governo e com os órgãos reguladores sobre os planos para reformular as regras da Suíça em relação ao capital e à liquidez dos bancos.

A reformulação é uma das consequências políticas do colapso do Credit Suisse no ano passado. Apesar de ter sido chamado para resgatar seu antigo rival, o banco está agora na mira devido ao seu maior tamanho e relevância sistêmica.

O parlamento suíço deverá divulgar sua investigação sobre a crise do Credit Suisse no final do ano, o que contribuirá para a elaboração de novos decretos e legislação que regem o capital.

O UBS, em particular, enfrenta exigências muito maiores para garantir o capital de suas subsidiárias no exterior, sendo que algumas estimativas apontam para um aumento de até US$ 25 bilhões.

De modo geral, os analistas consideraram os resultados sólidos, embora o Deutsche Bank tenha observado que a incerteza em torno dos planos de retorno de capital continua alta.

Cenário macro

Para o conexto macroeconômico, o UBS disse que vê um “sentimento positivo dos investidores” no terceiro trimestre e um impulso contínuo nas transações dos clientes.

A expectativa é de que as eleições nos EUA e as tensões geopolíticas levem a uma maior volatilidade do mercado no segundo semestre do ano, disse o banco. Segundo o UBS, taxas de juros mais baixas e mudanças na carteira de clientes podem reduzir a receita de juros.

Ermotti disse que o selloff nos mercados globais na semana passada foi um sinal de fragilidade contínua, e os investidores devem prestar atenção à diversificação.

Na integração, o UBS disse ter conseguido uma redução de 42% nos ativos do Credit Suisse marcados para liquidação desde o segundo trimestre do ano passado, e US$ 8 bilhões apenas no último trimestre.

Wealth management

A unidade de wealth management registrou um fluxo de entrada de clientes de US$ 27 bilhões, mantendo o ritmo do primeiro trimestre, embora os custos de remuneração mais elevados para os advisors tenham feito com que o lucro antes dos impostos ficasse abaixo das expectativas, em US$ 871 milhões. A divisão é responsável por cerca de metade da receita do UBS.

Recentemente, o UBS reorganizou seu braço de gestão de patrimônio em uma nova unidade que reúne suas diversas ofertas de wealth sob o mesmo teto.

O banco também reformulou sua estrutura de liderança, nomeando Robert Karofsky, chefe do investment banking, para dirigir seus negócios nos EUA e supervisionar conjuntamente a área de patrimônio com Iqbal Khan. Khan também foi nomeado presidente da região Ásia-Pacífico.

A área de investment banking superou as expectativas, registrando um lucro de US$ 477 milhões antes dos impostos no trimestre, impulsionada por receitas mais altas nos mercados globais e nos negócios bancários globais.

A receita de consultoria foi 23% maior em relação ao ano anterior, e o resultado subjacente dos mercados de capitais aumentou 82%, sem incluir um ajuste relacionado à fusão. É provável que os traders do banco continuem a lucrar com os clientes que mudam seus portfólios em meio à contínua volatilidade do mercado.

No terceiro trimestre, o banco disse que esperava contabilizar cerca de US$ 1,1 bilhão em despesas relacionadas à integração, enquanto o ritmo de economia de custos diminuirá modestamente, disse.

Em junho, o banco ofereceu aos investidores dos fundos do Credit Suisse ligados ao colapso da Greensill Capital um acordo pelo qual eles receberiam 90% do valor do fundo antes de seu fechamento.

O banco disse nesta quarta-feira (14) que 92% dos investidores aproveitaram a oferta, ajudando a encerrar outra questão herdada da aquisição.

O UBS continua a reduzir o número de funcionários à medida que funde os dois bancos globais. O número total de funcionários caiu em mais de 3.500 no trimestre, levando a força de trabalho para cerca de 133.000.

O índice CET1 do banco, uma medida fundamental da solidez do capital, ficou em 14,9% no final do trimestre.

- Com a colaboração de Levin Stamm e Leonard Kehnscherper.

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