Uber quer incluir todos os taxistas do Brasil na plataforma até 2025, diz CEO global

Em sua segunda visita ao Brasil desde que assumiu o cargo há sete anos, Dara Khosrowshahi disse que empresa planeja lançar o serviço Uber Health no país e se reúne com o presidente Lula

Dara Khosrowshahi, CEO da Uber, em evento de 10 anos da Uber no Brasil em São Paulo, em 23 de maio de 2024 (Divulgação/Uber)
23 de Maio, 2024 | 08:37 PM

Bloomberg Línea — Com o Brasil como um de seus principais mercados no mundo, a Uber tem buscado diversificar o negócio e entrar em novos segmentos de transporte urbano acionado por meio de aplicativo. Uma das novidades consiste em ampliar em 70.000 o número de taxistas cadastrados na plataforma, por meio de um acordo nacional recém-firmado com um aplicativo de agregação de táxis do país, o Stuo.

“Admito que nosso relacionamento com os táxis não foi bom historicamente. A Uber Taxi teve seus desafios, mas esses dias acabaram. Acreditamos absolutamente que Uber e táxi são melhores juntos. Nossa visão é trazer todos os táxis para a plataforma Uber até 2025″, disse o CEO global da Uber, Dara Khosrowshahi, em evento nesta quinta-feira (23) em São Paulo no aniversário de dez anos da empresa no país.

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“As pessoas poderão usar a Uber para pegar táxis ou se deslocar com UberX ou Uber Moto, qualquer que seja o método preferido de transporte para o seu orçamento e a sua ocasião”, disse.

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A visita do principal executivo da Uber (UBER) no mundo, apenas a sua segunda ao país desde que assumiu esse cargo há sete anos, em substituição ao fundador Travis Kalanick, serviu como ocasião também de outros anúncios da empresa.

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A empresa americana planeja investir R$ 1 bilhão no centro de tecnologia no Brasil nos próximos cinco anos, o que inclui recursos para a contratação de 200 engenheiros.

E lançará “em breve” (ainda sem data certa) a Uber Health no Brasil. O recurso, lançado em 2022 nos Estados Unidos, prevê que hospitais, clínicas e laboratórios ofereçam viagens a pacientes ou colaboradores que circulam na cidade e que tenham como objetivo a realização de exames ou consultas.

Khosrowshahi disse ainda que a Uber tem o objetivo de ser “zero emissões” até 2040 em 72 países e que vai lançar em São Paulo nos próximos meses a Uber Green, uma funcionalidade que “parece e funciona como o UberX, mas que, com um botão, gera um pedido a um veículo elétrico”, explicou.

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“Nós estamos mais comprometidos do que nunca com o Brasil e vamos continuar a investir agressivamente no país”, disse o CEO.

“Mais de 7 milhões de pessoas usam nossa plataforma hoje em todo o mundo para ganhar dinheiro sob seus próprios termos, e 1,4 milhão dessas pessoas está aqui no Brasil, nosso maior país em termos de motoristas e entregadores ativos no mundo”, disse Khosrowshahi.

“É bastante notável ver até onde chegamos, considerando que começamos em preparação para a Copa do Mundo do Brasil com apenas 500 motoristas. Desde esse começo e ao longo dos últimos dez anos, mais de R$ 140 bilhões foram ganhos por motoristas em nossa plataforma, disse o executivo.

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Diante dessa importância, o mercado brasileiro e na América Latina se reflete nos resultados da companhia. No primeiro trimestre deste ano, a Uber divulgou receita com corridas e entregas inferior às expectativas de analistas em razão em parte de uma demanda mais fraca do que o esperado na região (a Uber não opera mais o seu serviço Uber Eats no país desde 2022 após uma mudança de estratégia).

Doações para motoristas no RS e reunião com Lula

A Uber disse que vai doar R$ 10 milhões para os cerca de 20.000 motoristas da plataforma que trabalham no Rio Grande do Sul e foram afetados pelas enchentes, no valor de R$ 500 para cada um (veja mais abaixo).

A empresa americana também se comprometeu em doar R$ 1 milhão para a Central Única das Favelas (CUFA) para suporte das famílias em situação de vulnerabilidade.

O CEO global da Uber também aproveitou a visita ao Brasil para se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, no momento em que há uma discussão no Executivo e no Congresso para estabelecer regras para profissionais de aplicativos de transporte.

O relator de um projeto que tramita na Câmara - atualmente na Comissão de Indústria, Comércio e Serviços -, deputado Augusto Coutinho, planeja conversar com o ministro na próxima semana para mostrar o relatório que será apresentado, segundo disseram fontes à Bloomberg Línea.

O presidente da Câmara, Arthur Lira, comprometeu-se com Marinho a votar o projeto até o dia 12 de junho. Apresentado pelo Executivo, o documento precisa ser aprovado pela Câmara e pelo Senado.

O projeto de lei propõe, entre outros pontos, a limitação da jornada de trabalho para motoristas de aplicativos a 12 horas diárias, com um pagamento por hora de R$ 32,10. Haverá um salário mínimo mensal de R$ 1.412 para fins de contribuição previdenciária.

A assessoria do Ministério do Trabalho informou que, na reunião, Khosrowshashi conheceu o presidente Lula e anunciou a contratação dos engenheiros no Brasil até 2026, além do auxílio para os 20.000 motoristas afetados pelas enchentes, muitos dos quais com a perda de seus carros.

“Esse é o maior compromisso que a Uber já fez em qualquer lugar do mundo por causa de desastres climáticos”, disse Khosrowshahi no evento em São Paulo.

Houve ainda a premiação de motoristas que realizaram a maior quantidade de viagens nestes dez anos de atuação do aplicativo no país - e que receberam R$ 10.000 cada um. “Esse dinheiro é para agradecer a parceria com a plataforma”, disse Silvia Penna, diretora-geral da Uber Brasil.

“Eu me lembro da minha primeira corrida aqui no Brasil. Era 2017 e uma situação muito, muito diferente. Apesar da grande popularidade do nosso serviço, havia um debate regulatório muito grande sobre o nosso direito de existir no Brasil”, disse o CEO global da Uber.

“Com o apoio de nossos milhares de motoristas e milhões de consumidores e nosso comprometimento com segurança, confiabilidade e acessibilidade, superamos esse ceticismo inicial. O Congresso regulamentou essa importante nova indústria”, completou em referência a normas anteriores aprovadas.

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Isabela  Fleischmann

Jornalista brasileira especializada na cobertura de tecnologia, inovação e startups