Bloomberg — Um novo serviço de streaming com foco em esportes da Disney, da Fox e da Warner Bros. Discovery – que disponibilizará todos os seus melhores jogos e campeonatos de forma online – testará a lealdade dos consumidores aos pacotes de TV a cabo e pressionará empresas como a Comcast.
Isso significará no mesmo streaming o conteúdo da líder e referência mundial em esportes, a ESPN, além de canais como TNT, Fox e ABC, entre outros canais.
As empresas anunciaram na terça-feira passada (6) que estão unindo forças para lançar o novo serviço no outono no hemisfério norte (entre setembro e dezembro), bem a tempo para o início da NFL e do futebol americano universitário. O nome, o preço da assinatura mensal e a equipe de gestão serão revelados mais tarde.
A joint venture reunirá os esportes ao vivo mais populares de três gigantes da mídia, incluindo o Monday Night Football da ESPN, os jogos de domingo da NFL da Fox e a fase final do campeonato de basquete universitário americano, período conhecido como March Madness, transmitida pelos canais da Warner Bros.
“A oportunidade é enorme”, disse o CEO da Fox, Lachlan Murdoch, aos investidores na quarta-feira (7).
A joint venture é uma resposta às mudanças nos hábitos de visualização dos consumidores que estão agitando a indústria da mídia e representam uma grande ameaça aos planos de TV a cabo da Comcast e da Charter Communications.
Declínio da TV a cabo
O rápido declínio dos assinantes de TV a cabo e o crescimento do streaming têm desafiado as redes tradicionais - como Fox, ABC e ESPN da Disney, além da TNT, da Warner Bros. - a encontrar novas formas de fazer negócios.
O acordo poderia acelerar a migração dos consumidores para longe da TV a cabo, uma vez que o esporte há muito tempo é um componente-chave dos pacotes de cabo.
As empresas de mídia tradicionais hesitaram em oferecer suas atrações esportivas valiosas fora do pacote de cabo, o que tornou o streaming de esportes algo particularmente desafiador. Mas, à medida que os consumidores têm cortado cada vez mais o cabo com a TV paga e procurado opções de streaming menos caras, a ideia de tal acordo tornou-se quase inevitável.
“Combinar o maior número possível de direitos esportivos em uma única plataforma poderia ajudar a convencer os fãs de esportes a adotar tal serviço”, disse Brian Wieser, analista de mídia da Madison & Wall, em um relatório. “Isso também aceleraria o declínio da TV paga, pois haveria muito pouco que seria único nesses serviços tradicionais.”
Os operadores de TV a cabo não foram informados sobre os planos das empresas, de acordo com pessoas envolvidas no lançamento. Representantes da Comcast e da Charter, os dois maiores provedores, recusaram-se a comentar.
“Grande oportunidade’
No anúncio a investidores, Murdoch sugeriu que o novo serviço será um complemento aos pacotes de cabo existentes, em vez de um concorrente.
“Não estaríamos lançando esse produto específico se pensássemos que iria afetar significativamente nossos parceiros afiliados de TV paga”, disse Murdoch. “Permanecemos um dos maiores apoiadores dos pacotes de TV paga tradicional.”
O público-alvo do novo serviço de streaming é “o fã de esportes que atualmente não assina nenhum pacote pago de TV – e há dezenas de milhões deles”, disse Murdoch. “Por isso, estamos muito confiantes de que este é um grande mercado e uma grande oportunidade.”
Nem todos veem dessa forma, pois é difícil imaginar como o negócio não incentiva ainda mais o abandono do serviço de TV a cabo.
A nova plaforma será precificada abaixo de algumas alternativas de TV a cabo, como o YouTube TV, que começa em cerca de US$ 73 por mês, e acima das ofertas de streaming autônomas, disse um executivo, que pediu para não ser identificado discutindo detalhes que não são públicos.
O serviço ESPN+ da Disney, que transmite muito conteúdo, mas não todo o programa esportivo da empresa, custa US$ 11 por mês.
David Faber, da CNBC, especulou que o novo pacote seria precificado na faixa dos US$ 40.
Conflito com distribuidores
A Disney ainda planeja lançar uma versão de streaming de seu principal canal ESPN em cerca de um ano. Terá recursos interativos, incluindo apostas esportivas e a capacidade de conversar com outros fãs, e cobrará um preço abaixo da nova oferta esportiva.
“Isso coloca esses ‘caras em conflito com muitos de seus distribuidores”, disse Michael Nathanson, analista da MoffettNathanson Research, na Bloomberg TV. “Mas tem que ser feito.”
Ausentes do empreendimento estão a NBC, da Comcast, e a CBS, da Paramount Global - duas empresas de mídia tradicionais que também têm compromissos longevos e profundos com esportes ao vivo. As empresas não foram incluídas porque os parceiros queriam manter os custos do serviço baixos, disseram os executivos.
“Isso tem sido discutido há muito tempo, unindo ativos esportivos para que os consumidores possam encontrar os jogos que estão procurando”, disse Jessica Reif Ehrlich, analista da Bank of America Securities, à Bloomberg TV.
O serviço transmitirá cerca de metade de todos os jogos da NFL, juntamente com a maioria dos da NBA, da NHL e do futebol americano universitário. Os três parceiros esperam receber receitas semelhantes às que recebem atualmente dos distribuidores de TV a cabo e satélite nem uma base por assinante, disseram os executivos.
Os direitos esportivos incluídos já custam às empresas cerca de US$ 16 bilhões, segundo analistas da Sanford C. Bernstein.
Combinar recursos faz “muito sentido”, disse Bernard Gershon, consultor da indústria de mídia. Isso divide o custo dos direitos esportivos, assim como as despesas de construir um novo negócio de streaming, e dá às empresas mais força para competir pelos direitos de programação contra as big techs Amazon (AMZN), Apple (AAPL) e o YouTube, da Alphabet (GOOGL).
A Fox não possui um serviço de streaming baseado em assinatura para seu conteúdo esportivo, e o Max, da Warner Bros., é menor do que rivais como Disney+ e Netflix.
Executivos da indústria estão chamando o serviço de “Hulu dos esportes”, uma referência aos primeiros dias desse pioneiro serviço de streaming, que também foi iniciado por três empresas unindo seus recursos.
“Eles estão pensando: ‘ou trabalhamos juntos ou morremos sozinhos’”, disse Gershon.
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