Modelos híbridos flex: a aposta de R$ 11 bi da Toyota no mercado brasileiro

Do total, R$ 5 bi estão confirmados até 2026 e incluem a produção de um novo veículo compacto híbrido-flex; plano também prevê a montagem de baterias na fábrica de Sorocaba

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Bloomberg — A Toyota, empresa automotiva pioneira global em veículos híbridos-flex, vai elevar a aposta nesses modelos com o anúncio de um investimento de R$ 11 bilhões em suas operações no Brasil entre 2023 e 2030. A montadora japonesa usará os recursos para ampliar a capacidade de produção no país de modelos e motores com a tecnologia híbrida-flex.

Do montante total, R$ 5 bilhões estão confirmados até 2026 e incluem a produção de um novo veículo compacto híbrido-flex, já anunciado no ano passado com previsão de produção para 2025, além de outro modelo com a mesma tecnologia, desenvolvido especialmente para o Brasil, segundo comunicado distribuído nesta terça-feira (5).

O plano também prevê a montagem de baterias na fábrica de Sorocaba (SP) a partir de 2026 para equipar os veículos híbridos já produzidos localmente.

Como parte do plano, a Toyota irá expandir seu parque fabril em Sorocaba, que atualmente opera a plena capacidade. Será necessário construir novas instalações no local, para as quais serão transferidas as operações produtivas de Indaiatuba, também em São Paulo.

A mudança “ocorrerá de forma gradual, a partir de meados de 2025, com conclusão prevista para o final de 2026″, diz o comunicado.

“Estamos fazendo uma série de reformas estruturais há bastante tempo para melhorar a competitividade da empresa. E dentro dessa competitividade se faz necessário o lançamento de novos produtos”, disse Evandro Maggio, presidente da Toyota do Brasil, em entrevista à Bloomberg News.

“Temos uma vertente que é o novo produto e outra que é o atendimento da capacidade, que geram o fluxo de investimento desse tamanho.”

O investimento da Toyota acompanha anúncios recentes de concorrentes desde o início do ano no país. A norte-americana General Motors anunciou R$ 7 bilhões, a Volkswagen R$ 9 bilhões e a Hyundai R$ 5,5 bilhões.

Busca pela eletrificação

Todas elas buscam o início da eletrificação do seu portfólio de produtos no mercado brasileiro, apostando em versões híbridas-flex, que aliam um motor elétrico e outro a combustão que pode ser abastecido com gasolina ou etanol. A Toyota foi pioneira mundial no desenvolvimento de uma solução híbrida-flex, comercializando modelos com essa opção desde 2020 no Brasil.

Os novos investimentos da indústria automotiva no país ocorrem após o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva publicar, em dezembro, as novas diretrizes para acelerar a transição energética.

O programa nacional de Mobilidade e Inovação, chamado de “Mover”, inclui requisitos de sustentabilidade da frota e incentivos fiscais da ordem de R$ 19 bilhões para empresas que investirem na descarbonização e na produção de novas tecnologias.

O programa visa promover a ampliação dos investimentos em eficiência energética, incluindo requisitos mínimos de reciclagem para a fabricação de veículos e cobrar menos impostos de quem polui menos.

As multinacionais do setor instaladas no Brasil se movimentam para colocar em prática seus planos de descarbonização e redução de emissões nos veículos produzidos e vendidos localmente.

A iniciativa também é uma resposta a uma nova ofensiva de marcas chinesas, como Great Wall Motor e BYD, que já anunciaram planos de produzir modelos eletrificados no Brasil.

Maggio disse ainda que um dos argumentos a favor dos novos investimentos é a expansão das exportações a partir do Brasil, com o mercado de exportação respondendo por 40% da demanda da unidade brasileira. “À medida que você vai criando o seu poder de comercialização, a sua cobertura regional, os investimentos vão acontecendo naturalmente.”

O último investimento oficializado pela Toyota no país foi em abril do ano passado, quando a montadora anunciou R$ 1,7 bilhão para produzir um novo veículo compacto híbrido-flex em Sorocaba e atualizar outro modelo híbrido-flex. Os recursos anunciados em 2023 estão contabilizados nos R$ 11 bilhões anunciados nesta terça-feira, segundo Maggio.

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