Bloomberg — Uma negociação para o fechamento do capital da marca de calçados italiana Tod’s gerou rumores sobre uma possível consolidação entre empresas de luxo menores que operam em um mercado dominado por alguns poucos gigantes.
As ações da fabricante de mocassins de luxo disparou até 18% em Milão nesta segunda-feira (12) com a notícia de que a família fundadora Della Valle se juntou à empresa de private equity L Catterton, apoiada pela LVMH, em uma oferta para fechar o capital da empresa.
A notícia reverberou por todo o setor, gerando ganhos nas ações dos rivais italianos locais Salvatore Ferragamo e Brunello Cucinelli, juntamente com a Burberry Group do Reino Unido.
O plano da Tod’s é “provavelmente alimentará especulações sobre fusões e aquisições”, disseram os analistas da Citigroup (C), Thomas Chauvet e Lorenzo Bracco, em um relatório.
“Este anúncio é um lembrete dos desafios enfrentados por marcas de luxo e grupos menores em um setor cada vez mais competitivo dominado por conglomerados multimarcas”, escreveram eles.
As empresas de luxo da Europa tiveram resultados mistos nesta temporada de balanços, pois os analistas preveem uma queda contínua nas vendas diante de uma economia enfraquecida e das restrições ao turismo chinês.
As ações dos gigantes LVMH e Hermes International subiram após números melhores do que o esperado, enquanto a Burberry caiu depois de reduzir seu guidance.
Plano de fechamento de capital
A família fundadora da Tod’s se uniu à empresa de private equity L Catterton em uma nova tentativa de fechar o capital da empresa, com uma oferta que avalia a marca de luxo italiana em cerca de € 1,4 bilhão (US$ 1,5 bilhão).
A L Catterton, apoiada pelo grupo de moda francês LVMH, oferecerá para comprar ações de alguns investidores por € 43 cada, conforme anunciado em comunicado no domingo (11). O preço representa um prêmio de 18% sobre o preço de fechamento de sexta-feira.
A Tod’s, conhecida por seus mocassins de couro para dirigir, tem buscado permanecer relevante em meio a uma indústria de luxo em rápida transformação, onde os grandes concorrentes ganham participação de mercado.
Os interessados disseram que fechar o capital da empresa permitirá uma tomada de decisão mais rápida e dará maior flexibilidade para buscar o crescimento.
Os irmãos Della Valle, que atualmente possuem a maioria do capital da Tod’s, têm como objetivo manter uma participação de 54% após vender uma parte para a L Catterton, de acordo com o comunicado de domingo.
A L Catterton planeja gastar cerca de € 512 milhões para obter uma participação de 36%, enquanto o investidor existente LVMH manteria 10% após o acordo.
Alguns investidores podem considerar que a oferta é muito baixa e não reflete a recuperação da Tod’s, escreveu Thomas Chauvet, analista do Citigroup.
Além de sua marca homônima, a Tod’s também é proprietária da Roger Vivier — fabricante de elegantes sapatos de salto — e da marca de calçados casuais Hogan.
A oferta marca uma nova tentativa da família de retirar a Tod’s da bolsa após uma oferta anterior em 2022 não obter apoio suficiente dos acionistas.
O presidente da Tod’s, Diego Della Valle, disse que deixar a bolsa de valores “é a escolha estratégica mais apropriada” e “trará benefícios adicionais para o futuro desenvolvimento do Grupo Tod’s, construído por meio de investimentos contínuos e metas desafiadoras”.
O acordo aprofundaria os laços de Diego Della Valle com a LVMH, onde ele é membro do conselho. O conglomerado já controla marcas de luxo italianas como Bulgari, Fendi e Loro Piana.
O JPMorgan Chase (JPM) assessora a L Catterton no acordo, enquanto os acionistas majoritários estão trabalhando com o Bank of America (BAC).
-- Com colaboração de Flavia Rotondi.
Veja mais em Bloomberg.com
Leia também
A disputa de gigantes do luxo pelas quadras mais cobiçadas da 5ª Avenida, em NY
Por que há prédios em Nova York que estão à venda com até 50% de desconto
© 2024 Bloomberg L.P.