Tivit amplia negócios com foco em nuvem e prevê avanço maior em LatAm, diz CEO

Em entrevista à Bloomberg Línea, Paulo Freitas diz que separação da unidade de data center, há dois anos, abriu caminho para investimentos em novas áreas, como cloud, cibersegurança e IA

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Bloomberg Línea — A Tivit, empresa de tecnologia da informação (TI) controlada pela Apax Partners, tem colhido os benefícios da separação do seu negócio de data center, realizada há dois anos, depois de uma reorganização.

A mudança ocorreu depois que o empresário e fundador da companhia, Luiz Mattar, deixou o cargo de CEO em janeiro de 2023 para permanecer como presidente do conselho. Ele foi substituído pelo então CFO, Paulo Freitas.

Em entrevista à Bloomberg Línea, Freitas afirmou que o spin-off da divisão em uma nova companhia independente, chamada Takoda, ajudou a melhorar a estrutura financeira da companhia.

Isso abriu caminho para investimentos no próprio negócio digital da Tivit, com foco nas áreas de computação em nuvem e cibersegurança, que são hoje os principais motores de crescimento.

São segmentos nos quais a Tivit enfrenta competição de outras companhias estabelecidas do setor, como as globais IBM, Accenture, Capgemini e Atos, além da brasileira Stefanini.

“Nós gastávamos perto de 10% da receita em capex. Quando deixamos de ter o negócio de data center, esse nível caiu para 3%, 3,5%”, afirmou Freitas, que trabalha na Tivit há 12 anos e já teve passagens pela Motorola, como diretor para o Brasil, e na Xerox.

“Não é só a questão do dinheiro que vai para compras de equipamento. É necessária toda uma estrutura para aquisição, manutenção etc. A diferença agora é que, quando é preciso comprar uma torre nova de ar condicionado, já não sou eu que faço. Tenho um preço fixo determinado, combinado com a Takoda. Tudo o que tenho que fazer é saber quanto utilizei no mês e fazer o pagamento da fatura.”

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Na visão do líder da Tivit, a empresa se tornou muito mais “leve” do ponto de vista do investimento de capital, o que permitiu se concentrar no lançamento de novos produtos, entre eles uma nova solução de gestão de serviços em nuvem, chamada OneCloud, e uma ferramenta de inteligência artificial generativa, a Athena.

“Financeiramente faz mais sentido. O mais importante é que você consegue focar no seu negócio, na sua visão, no que realmente é relevante. Não teríamos o crescimento da cibersegurança que vemos com a ampliação do nosso SOC, no centro de comando de operações na área.”

Receitas em alta em 2024

Os resultados financeiros têm mostrado uma evolução. Em 2023, primeiro ano depois da separação, as receitas da Tivit cresceram 10,4% para R$ 1,9 bilhão, e a companhia passou de um prejuízo líquido de R$ 47,2 milhões para um lucro de R$ 5,78 milhões.

O Ebitda foi de R$ 282 milhões, com margem de 15% sobre a receita líquida da empresa.

O ponto negativo foi a desvalorização cambial e os juros elevados, que pesaram sobre a despesa financeira. A dívida líquida consolidada foi de R$ 510 milhões e o nível de endividamento subiu de 1,4 vez o Ebitda para 1,8. Freitas diz que esse é um patamar “saudável” e está dentro do intervalo que os acionistas consideram razoáveis.

Segundo o CEO, a expectativa para 2024 é a de um ritmo de crescimento parecido com o do ano passado, levando a receita líquida de R$ 1,9 bilhão para cerca de R$ 2,1 bilhões.

O crescimento tem sido impulsionado por novas áreas de negócios nas quais a Tivit passou a apostar nos últimos anos.

A unidade de soluções de nuvem já representa cerca de 50% do negócio, segundo Freitas, e registrou uma expansão de 12% no ano passado.

Hoje a Tivit é dividida em linhas de negócio: soluções de nuvem, serviços gerenciados, serviços de transformação digital e cibersegurança.

O segmento de serviços gerenciados, com foco em outsourcing e manutenção de sistemas, é o segundo maior depois da unidade de nuvem e corresponde a cerca de 35%. A área está na base do negócio de origem da Tivit e já representou 70% do negócio no passado, segundo Freitas.

Em seguida vêm os segmentos de transformação digital e de cibersegurança (15% do total). Essas duas áreas cresceram 23% e 88%, respetivamente, em 2023. A empresa não divulga a receita líquida de cada unidade separadamente.

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Planos de IPO

A Tivit teve ações negociadas na bolsa de valores entre 2009 e 2011, mas fechou capital em uma OPA (Oferta Pública de Aquisição), depois que a empresa de private equity britânica-americana Apax Partners pagou R$ 1,7 bilhão em valores da época para assumir o controle da companhia.

A empresa chegou a fazer duas tentativas para um novo IPO (oferta pública inicial de ações, na sigla em inglês), em 2017 e em 2019, mas desistiu em ambas ocasiões diante das condições desfavoráveis no mercado.

O CEO da Tivit disse que uma abertura de capital “não é um caminho totalmente descartável”, mas ele não vê uma janela favorável neste momento no Brasil e na América Latina, em um contexto de taxas de juros ainda elevadas e incertezas globais.

“O dinheiro está muito centralizado nos Estados Unidos”, afirmou.

No momento, segundo ele, o foco tem sido a expansão dos negócios, com os investimentos nas frentes de cloud, cibersegurança e inteligência artificial.

No Brasil, Freitas disse que tem buscado aumentar a presença geográfica para além de São Paulo e Rio de Janeiro, que concentram a maior parte dos clientes. O CEO vê oportunidades de ganhar mercado no Nordeste e no Centro-Oeste, além de algumas cidades relativamente grandes em outras regiões.

Expansão internacional

A Tivit também tem buscado ampliar os negócios na América Latina, onde ela atua em dez países.

A empresa vem fazendo investimentos para ampliar a equipe na Colômbia, que serve como base para atender clientes na região. A área responsável por cibersegurança no país, por exemplo, cresceu de quase zero para perto de 60 pessoas recentemente, segundo Freitas.

O executivo disse que atualmente cerca de 50% da receita da Tivit na América Latina está concentrada no Chile, em razão de uma aquisição feita em 2014 de uma empresa de serviços de tecnologia do país chamada Synapsis. Mas ele vê oportunidade para ampliar a participação dos negócios em outros países, incluindo o México, de olho também em uma expansão no mercado americano no futuro.

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“Os Estados Unidos são sempre uma grande aspiração. Já temos hoje a Tivit USA, que opera de uma maneira passiva. Mas é um mercado promissor. Com a demanda de nearshoring, a partir do México e da Colômbia, poderíamos servir o mercado americano com uma mão-de-obra muito competitiva”, afirmou.

Além da expansão regional, as aquisições continuam no radar.

A Tivit encerrou o exercício de 2023 com uma geração de caixa de R$ 122 milhões, algo que, segundo Freitas, permite que a empresa possa crescer por meio de M&As.

A companhia tem olhado negócios nas áreas de cibersegurança, automação, digitalização e SaaS (software as a service), em oportunidades que possam complementar a oferta de serviços.

Ele citou como exemplo a compra em 2021 da brasileira Sensr.it, uma empresa de soluções para gerenciamento integrado de serviços e governança em TI. Segundo o executivo, o negócio tem trazido resultados positivos, e a Tivit anunciou em março a expansão da operação para nove países na América Latina.

“São empresas parecidas com essas que buscamos. Ela tem uma grande operação de suporte à tecnologia, dentro do ambiente de aprovação para evitar crimes, fazer a detecção de fraude, que é relevante.”

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