Bloomberg Línea — O Bradesco (BBDC4) tem condições de melhorar sua rentabilidade nos próximos trimestres e alcançar um ROE (retorno sobre o patrimônio) de 16,5% no quarto trimestre de 2026 e de 17,5% no final de 2027, segundo a equipe de equity research do Citi, que elevou nesta terça-feira (27) sua recomendação para a ação de neutro para compra.
O Citi também aumentou o preço-alvo para BBDC4 de R$ 13,90 para R$ 19,50. O papel fechou nesta terça em alta de 2,04%, cotado a R$ 16,04. No acumulado de 2024, o papel acumula alta da ordem de 40%.
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“Vemos fatores que impulsionam a melhora do ROE do Bradesco tanto no curto quanto no médio prazo”, avaliaram os analistas Gustavo Schroden, Brian Flores e Arnon Shirazi, em relatório enviado a clientes e intitulado “Sim, os dias de cão parecem ter acabado” (Yes, the Dog Days Seem To Be Over: Upgrading to Buy).
A referência aos “dias de cão” se deve à crise de inadimplência que atingiu as instituições financeiras do fim de 2021 a 2024, com o ciclo de alta dos juros: isso obrigou o sistema bancário a elevar provisões para clientes de maior risco e a cobrir perdas com atrasos em honrar seus compromissos e calotes.
A melhora da recomendação para as ações do Bradesco reflete a trajetória positiva do banco da Cidade de Deus, em Osasco, iniciada com a mudança de CEO no final de 2023 e o início de gestão de Marcelo Noronha.
“Para o restante de 2025, as receitas ajustadas ao risco devem continuar melhorando trimestralmente. A partir de 2026, a disciplina de custos deve ter um impacto mais visível nos resultados por meio da alavancagem operacional”, citou a equipe do Citi.
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Os analistas consideram que a rentabilidade crescente do Bradesco deve garantir uma reavaliação e aliviar as preocupações com a posição de capital do banco.
No primeiro trimestre, o banco reportou um ROE de 14,4%. A variação ficou 1,7 ponto percentual acima da registrada no trimestre anterior e 4,2 pontos superior à de 12 meses antes.
Em fevereiro de 2024, Noronha apresentou ao mercado um plano de transformação do Bradesco, que incluiu a troca de executivos em cargos-chaves, na aposta em clientes com renda mensal acima de R$ 25 mil e no controle de indicadores de inadimplência, além da adoção de disciplina de custos e busca por eficiência com investimentos mais elevados em tecnologia, como IA.
Segundo o Citi, o Bradesco deve apresentar melhorias no NII (Net Interest Income, Receita Líquida de Juros), resultado da diferença entre os juros recebidos e os juros pagos, ou seja, seu lucro com a cobrança de juros.
Para justificar essa expectativa, os analistas citaram um melhor custo de captação, um melhor mix de ativos e a eficiência operacional.
Os analistas do Citi projetam que o banco ultrapasse o custo de capital próprio de 15% até o quatro trimestre de 2025 e alcance um ROE sustentável de 17,5% até o quarto trimestre de 2027.
A reestruturação do banco, incluindo o fechamento de agências e a digitalização, deve contribuir para a melhoria da rentabilidade, apontou a equipe do Citi.
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