Bloomberg — A SpaceX surpreendeu o mundo durante o teste de seu foguete Starship no fim de semana ao capturar seu propulsor no ar depois que ele voltou do espaço e pousar o resto do foguete no oceano depois de um mergulho na atmosfera da Terra.
O mais recente voo de teste da Starship atingiu dois marcos importantes que a SpaceX precisava atingir no longo caminho para desenvolver um sistema de lançamento rapidamente reutilizável. E agora que a empresa mostrou do que o veículo é capaz, é possível que a Starship esteja pronta em breve para realizar lançamentos de satélites, pelo menos para a órbita baixa da Terra.
Enquanto isso, o sistema de lançamento - o maior e mais potente já desenvolvido - ainda enfrenta muitos desafios de desenvolvimento antes de poder ir à Lua para a Nasa, e muito menos ancorar o sonho mais grandioso do CEO da SpaceX, Elon Musk, de levar humanos a Marte.
Capturar o propulsor Super Heavy foi um obstáculo importante que a empresa precisou superar primeiro, a fim de avançar.
Para alcançar destinos no espaço profundo, como a Lua e Marte, a Starship precisará ser reabastecida em órbita, o que exigirá vários lançamentos consecutivos do sistema para encher os tanques de uma nave espacial - uma façanha que nunca foi realizada antes no espaço em uma escala tão grande.
A SpaceX ainda precisa demonstrar essa capacidade, fazendo com que dois veículos Starship se acoplem em órbita e transfiram propulsores superfrios de um veículo para outro.
Não está claro quando essa demonstração ocorrerá. Uma indicação é que a Nasa, que planeja usar a Starship para pousar seres humanos na Lua, prevê que isso poderá acontecer já em 2025.
Durante o terceiro voo de teste da Starship, a empresa realizou um experimento de demonstração dentro do veículo enquanto ele estava no espaço, transferindo propulsores de um pequeno tanque para outro.
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Isso ocorreu em uma escala muito menor do que a que será necessária para missões no espaço profundo. A SpaceX prevê que precisará de cerca de “10 ou mais” voos de reabastecimento para que a Starship chegue à Lua.
A captura do Super Heavy será fundamental para esse plano.
Depois de impulsionar a Starship para o espaço no domingo (13), o propulsor Super Heavy retornou ao seu local de lançamento na Terra. Dois braços que se projetam da torre de lançamento da Starship “pegaram” o propulsor, enquanto aplausos e gritos irrompiam no controle da missão.
Quando essas capturas forem aperfeiçoadas, a SpaceX planeja abastecer rapidamente o propulsor Super Heavy na Terra e colocar os “caminhões-tanque” da Starship sobre eles, lançando-os novamente com relativa rapidez após cada captura.
O voo de domingo foi uma demonstração da abordagem pioneira da SpaceX de voar, falhar e consertar para viagens espaciais, uma estratégia iterativa que impulsionou o Falcon 9 a se tornar o foguete mais voado do mundo.
O administrador da Nasa, Bill Nelson, parecia ansioso para que a SpaceX mantivesse o ritmo.
“Os testes contínuos nos prepararão para as missões ousadas que estão por vir - inclusive para a região do polo sul da Lua e depois para Marte”, disse Nelson em uma publicação na mídia social no domingo (13).
Com a Starship, o objetivo final da SpaceX é recuperar totalmente as duas partes principais do veículo: a própria espaçonave Starship – que transportará satélites e, eventualmente, passageiros – e o propulsor Super Heavy.
Ao recuperar essas duas peças após o voo, a SpaceX espera reutilizar e relançar rapidamente o hardware após a decolagem, permitindo vários voos da Starship em um único dia. A empresa também espera que a reutilização total reduza drasticamente o custo de lançamento da Starship.
Agora, a SpaceX pode começar a desenvolver técnicas para dar a volta no propulsor Super Heavy e prepará-lo para outro voo - algo que a empresa precisará aperfeiçoar se quiser lançar várias missões de reabastecimento seguidas.
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Também é possível que a SpaceX opte por começar a lançar satélites a partir da Starship relativamente em breve, já que a empresa começou a demonstrar a capacidade do veículo de atingir velocidades orbitais próximas durante os voos de teste anteriores.
A SpaceX espera usar a Starship para lançar satélites muito maiores e mais potentes para seu sistema de internet Starlink.
Um fator de risco nos planos da SpaceX é a Administração Federal de Aviação (FAA) dos EUA. A missão de domingo se desenrolou em um cenário em que Musk criticou abertamente a FAA sobre a velocidade com que a FAA aprova licenças de lançamento espacial comercial.
A SpaceX tem levantado essa preocupação nos últimos anos ao tentar lançar a Starship com mais frequência. Em setembro, a empresa disse que a FAA a notificou de que a licença para essa missão não seria concedida até o final de novembro – um cronograma que a SpaceX disse ser lento e ineficiente.
“As missões mudam. As tecnologias dos veículos mudam, o que exige uma modificação na licença”, disse Kelvin Coleman, chefe do escritório de Transporte Espacial Comercial da FAA, em uma audiência na Câmara no mês passado.
“É a empresa que está pressionando as aprovações missão por missão”, acrescentou. “O ritmo é para isso”.
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