Bloomberg — Enquanto a Tesla (TSLA) enfrenta uma desaceleração global na demanda por veículos elétricos que contribuiu para a maior queda trimestral das vendas de sua história, a montadora de Elon Musk também perde terreno na China – maior mercado automotivo do mundo.
Enfrentando uma competição local sem precedentes em meio a um sentimento do consumidor enfraquecido na maior economia da Ásia, a participação de mercado da Tesla encolheu de 10,5% no primeiro trimestre de 2023 para cerca de 6,7% no trimestre encerrado em dezembro, de acordo com cálculos da Bloomberg baseados em dados divulgados pela Associação de Automóveis de Passageiros (PCA) do país.
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Embora a PCA não tenha fornecido os detalhes de março para remessas locais e veículos elétricos fabricados na fábrica da Tesla em Xangai para exportação, os números para os dois primeiros meses de 2024 mostram que a participação de mercado da montadora americana para esse período foi de cerca de 6,6%, em comparação com 7,9% no mesmo período do ano anterior, quando as restrições pela pandemia foram suspensas.
As vendas e a produção da Tesla ficam concentradas no final de cada trimestre na China, sendo o terceiro mês o mais sólido em remessas locais.
A Tesla, que há muito se autodenomina transformadora do setor com produtos de ponta e tecnologias avançadas, preferiu focar em dois modelos na China: o sedã Model 3 e o utilitário esportivo Model Y.
Ambos foram lançados antes de 2020 e só passaram por alterações mínimas desde então. Enquanto isso, várias concorrentes, da BYD (BYD) à Nio, Xpeng, Li Auto e a fabricante de smartphones Xiaomi, lançaram novas linhas de produtos repletas de recursos de alta tecnologia.
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Em particular, a BYD tem uma ampla variedade de modelos, desde o hatch Seagull, com estilo angular, um painel de instrumentos bicolor com formato de asa de gaivota e seis airbags, e é vendido por menos de US$ 10.000, até o híbrido plug-in Yangwang U8, um SUV de luxo com 1.200 cavalos de potência que pode flutuar na água e girar 360 graus no próprio eixo.
Os cortes de preços costumavam aumentar as vendas da Tesla, uma das empresas mais bem-sucedidas do modelo de vendas diretas – uma estratégia que permite que a empresa determine o preço final de acordo com os custos de produção e a demanda de mercado.
No entanto, as montadoras chinesas mostraram determinação para entrar na guerra de preços, iniciada pela Tesla em janeiro de 2023 e reprisada no início de 2024. Muitas delas atualmente intensificaram seus cortes de preços, em uma provável resposta ao aumento de preços anunciado pela Tesla na segunda-feira (1º).
Assim como em muitos lugares ao redor do mundo, o crescimento do mercado de veículos elétricos da China está desacelerando. As remessas de veículos de nova energia devem aumentar 25%, chegando a 11 milhões de unidades este ano, segundo a PCA. Embora ainda esteja em expansão, esse número representa uma queda em relação aos 36% em 2023 e aos 96% em 2022.
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A Tesla foi forçada a reduzir a produção de sua fábrica em Xangai, segundo informou a Bloomberg no final do mês passado. As remessas da Tesla a partir de sua fábrica em Xangai, que produz veículos elétricos tanto para a China quanto para exportação para outras partes da Ásia e Europa, registraram uma queda nos dois primeiros meses de 2024 em comparação com o mesmo período do ano anterior, enquanto as vendas totais de veículos de passageiros na China aumentaram.
A PCA informou na terça-feira (2) que a Tesla entregou aproximadamente 89.064 veículos na China em março, em comparação com 60.365 em fevereiro – o mais baixo desde dezembro de 2022 – e amplamente em linha com os 88.869 veículos entregues em março de 2023.
Em outro comunicado divulgado nesta quarta-feira (3), a Associação informou que as vendas totais de veículos de passageiros na China aumentaram 7% em março em relação ao ano anterior, atingindo 1,7 milhão de unidades. Enquanto isso, as vendas totais de híbridos plug-in e carros elétricos com bateria aumentaram 28%, chegando a 698.000 unidades, com o desempenho mais forte de empresas como a BYD.
Globalmente, a Tesla informou que entregou 386.810 veículos nos primeiros três meses do ano, abaixo da média estimada pela Bloomberg e o maior desvio em dados dos últimos sete anos.
“Foi um desastre épico, não apenas em termos do número de entregas, mas da estratégia,” disse o analista da Wedbush Securities Dan Ives em uma entrevista à Bloomberg TV na Ásia nesta quarta-feira. “Este é provavelmente um dos períodos mais desafiadores para Musk e a Tesla nos últimos quatro ou cinco anos”.
-- Com a colaboração de Linda Lew.
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