Tesla corta preços de seus principais modelos para estimular demanda por EVs

Cortes acontecem principalmente devido ao fim das restrições de produção; empresa ainda precisa vender 475.000 carros para atingir meta anual

Por

Bloomberg — A Tesla (TSLA) voltou a reduzir os preços de seus modelos mais vendidos nos Estados Unidos, continuando sua estratégia de estimular a demanda e capitalizar com a redução das restrições de fornecimento.

A montadora baixou o preço inicial do Model 3 básico em US$ 1.250, para US$ 38.990, e concedeu o mesmo desconto à versão sedã, que agora custa US$ 45.990.

A Tesla também cortou US$ 2.250 no preço da versão de alto desempenho do Model 3, que agora começa em US$ 50.990, e US$ 2.000 nas versões de longo alcance e alto desempenho do utilitário esportivo Model Y, que agora custam US$ 48.490 e US$ 52.490, respectivamente.

A empresa já havia reintroduzido uma versão mais barata do Model Y no início desta semana. As ações da Tesla fecharam em leve alta de 0,2% na sexta-feira (6) em Nova York, a US$ 260,53. O valor das ações mais que dobrou este ano.

O corte de preços da Tesla se deve principalmente ao fim das restrições de produção que prejudicaram por anos a empresa.

A Tesla tem estado ocupada expandindo suas novas fábricas em Austin, nos EUA, e perto de Berlim, na Alemanha, que foram inauguradas no início de 2022, dando ao CEO Elon Musk uma vantagem sobre as fabricantes que estão lutando para alcançar a companhia no mercado de veículos elétricos (EVs).

Desafios à frente

A fabricante montou essas instalações à medida que a disponibilidade de semicondutores e outros componentes que estavam em falta durante a pandemia começou a melhorar. A empresa também tem se beneficiado da redução nos preços de lítio e outros materiais essenciais para baterias.

No entanto, a Tesla enfrenta desafios para cumprir sua meta de entregar 1,8 milhão de veículos neste ano, tendo entregue 435.059 nos últimos três meses, abaixo do trimestre anterior e cerca de 20.000 unidades abaixo do que os analistas esperavam.

A empresa precisará vender mais 475.000 carros nos próximos meses para atingir sua meta anual.

A Tesla mantém uma posição dominante no mercado de veículos elétricos dos EUA, embora esteja cada vez mais dependente de descontos para preservar sua posição. Novos produtos podem ajudar a sustentar os preços nos próximos meses, já que a fabricante de carros lançou recentemente uma versão atualizada do Model 3.

Embora os cortes de preços da Tesla tenham ajudado a compensar os efeitos das taxas de juros mais altas e da inflação, eles também prejudicaram a lucratividade. A margem bruta automotiva caiu para o menor nível em quatro anos no segundo trimestre, enquanto a margem operacional recuou para 9,6% – o nível mais baixo em mais de dois anos.

Elon Musk minimizou essa tendência, afirmando que a empresa poderia sacrificar ganhos imediatos em cada carro vendido e lucrar após o ponto de compra com atualizações de software.

No entanto, essa pode ser uma proposição arriscada, já que Musk admitiu que tem sido excessivamente otimista sobre a capacidade da Tesla de oferecer recursos de direção autônoma.

A Tesla atualizará os investidores sobre o impacto dos cortes de preços nos lucros quando divulgar os resultados do terceiro trimestre no dia 18 de outubro.

Veja mais em bloomberg.com

Leia também:

Tesla continua a prometer demais enquanto as margens caem. Vai seguir assim?

Fim de uma era: por que Wall St vê a saída de alguns de seus CEOs mais longevos