Temu vs Shein: os bastidores da briga de chinesas que chegou à Justiça dos EUA

Varejista online ‘novata’ alega que concorrente de maior porte impede fabricantes de moda de fornecer para ela; Shein diz que não há fundamento nas alegações

Chinesa Shein avança em mercados globais como o americano e o brasileiro e enfrenta questionamentos (Foto: Noriko Hayashi/Bloomberg)
Por Jane Zhang - Katie Arcieri
19 de Julho, 2023 | 10:51 AM

Bloomberg — A empresa varejista online chinesa Temu entrou com processo judicial contra a concorrente Shein nos Estados Unidos. A alegação: que ela teria violado as leis antitruste ao usar, segundo alega, ameaças e intimidação para impedir que fabricantes de roupas trabalhassem com a empresa novata em rápido crescimento.

A Shein disse à Bloomberg News que as alegações não têm fundamento.

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Shein e Temu, de propriedade da PDD Holdings, são duas das potências em ascensão no varejo online global e uma ameaça crescente para empresas como H&M e Zara.

O processo oferece um raro vislumbre dos modelos de negócios das duas empresas que são conhecidas pela discrição - e de suas práticas competitivas consideradas ferozes por rivais.

A Shein conquistou mais de 75% do mercado de ultra fast fashion dos EUA desde que entrou no mercado em 2017, de acordo com o processo.

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Depois que Temu entrou no mercado americano em 2022, a Shein teria reagido forçando os fabricantes de roupas a acordos de fornecimento que excluíam a Temu, segundo alegou no processo.

“A Shein se envolveu em uma campanha de ameaças, intimidação, falsas afirmações de infração e tentativas de impor multas punitivas infundadas e forçado acordos de negociação exclusiva com fabricantes de roupas”, de acordo com a queixa de Temu apresentada em 14 de julho no Tribunal Distrital dos EUA para o Distrito de Massachusetts.

As alegações vêm depois que Shein processou a Temu nos EUA, alegando violação de marca registrada e direitos autorais, bem como “práticas comerciais falsas e enganosas”.

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A Shein liderou o caminho no pioneirismo do ultra fast fashion, oferecendo aos consumidores os produtos mais recentes da moda a preços de barganha, como camisas e maiôs a partir de US$ 2 nos EUA. Isso ajudou a empresa a se tornar uma das startups mais bem-sucedidas do mundo, com uma avaliação de US$ 66 bilhões, segundo a empresa de pesquisa de mercado CB Insights.

“Acreditamos que esse processo não tem mérito e nos defenderemos vigorosamente”, disse um porta-voz de Shein em comunicado por e-mail para a Bloomberg News.

A Temu alegou que Shein se envolveria em pelo menos quatro estratégias para sufocar a concorrência, incluindo multas e penalidades aos fornecedores que trabalham com ela e forçar os fornecedores a assinar “juramentos de lealdade”. Segundo a alegação, a Shein também emite “autorizações de penalidades públicas e impõe multas extrajudiciais a fabricantes desobedientes por fornecer produtos à Temu”.

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A empresa alegou no processo que, em maio, “a Shein exigiu que todos os aproximadamente 8.338 fabricantes que fornecem ou vendem na sua plataforma assinassem acordos de negociação exclusiva, que impedem esses fabricantes de oferecer produtos na plataforma Temu ou fornecer produtos para vendedores na plataforma Temu.”

Os mais de 8.000 fabricantes que fornecem a Shein representam de 70% a 80% do número total de comerciantes capazes de fornecer no segmento ultra fast fashion, disse a Temu.

A Temu disse que os fabricantes retiraram mais de 10.000 peças como resultado das ações de Shein. No processo, a PDD Holdings citou exemplos de fabricantes de roupas que cortaram sua presença ou pararam de acertar negócios na plataforma, “para apaziguar” as relações com a Shein.

“A Shein sabe que os fabricantes precisam do volume da empresa e de seu acesso ao mercado dos EUA e, portanto, é capaz de coagi-los a fazer acordos que os obriguem a não fazer negócios com a Temu”, alegou a empresa.

- Com a colaboração de Daniela Wei.

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