Temu se aproxima do Magazine Luiza em usuários ativos em agosto, diz Citi

Com frete grátis e descontos superiores a 70%, app chinês ganha participação de mercado e se aproxima de 19 milhões de users em dois meses de operação no Brasil

A plataforma de e-commerce da Temu pertence à PDD Holdings e avança no mercado brasileiro (Foto: Lam Yik/Bloomberg)
26 de Setembro, 2024 | 06:14 PM

Bloomberg Línea — A chinesa Temu liderou o ranking de downloads de aplicativos de marketplaces no Brasil em agosto e quase se igualou ao número de usuários ativos mensais do Magazine Luiza (MGLU3), segundo um relatório sobre o desempenho do varejo online elaborado pelo Citi, com base nos dados fornecidos pela Similarweb e pela Sensor Tower.

O marketplace do homem mais rico da China, Colin Huang, chegou ao Brasil no início de junho e se tornou rapidamente popular no país com um plano agressivo que envolve frete grátis, descontos acima de 70% e brindes, como drones, com queima de caixa. Analistas já alertavam para o risco de perda de participação de players nacionais no mercado doméstico.

“A Temu teve um desempenho extraordinário quase igualando os números do Magalu (aproximadamente 19 milhões) após dois meses de chegada ao Brasil”, apontaram analistas da equipe de equity research para o varejo do Citi, liderados por João Pedro Soares, em relatório enviado ontem (25) aos clientes.

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Somente em agosto, o app chinês foi baixado por 7,2 milhões de usuários no Brasil, uma performance que superou seus pares, segundo dados coletados pelo Citi. O levantamento considerou ainda os números da Shopee, da Amazon (AMZN), do Mercado Livre (MELI) e da Casas Bahia (BHIA3).

Em agosto, o tráfego dos sites dos marketplaces registrou uma queda de 3%, segundo o Citi. Foi o quarto mês consecutivo de redução. Esse desempenho negativo foi influenciado principalmente pela Amazon, que registrou a primeira queda mensal (-5%) de 2024 no comparativo anual.

Na contramão da indústria, a Shopee teve crescimento de 19% no tráfego em agosto, enquanto o Meli avançou 8%. O Magazine Luiza teve queda de 17% no tráfego no mês passado, considerando todos os sites do grupo, como Kabum!, Netshoes, Zattini e Época Cosméticos.

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A estratégia da Temu no Brasil tem sido considerada agressiva pelo mercado.

Nos últimos anos, os marketplaces presentes no país reduziram a frequência das promoções com frete grátis a fim de preservar margem e recuperar a rentabilidade. As entregas da Temu são realizadas pelos Correios.

As mercadorias provenientes da China levam, em média, uma semana para entregas na capital paulista. A Temu oferece um crédito de R$ 10 por atraso ou um reembolso se o produto não chegar em 50 dias. Para incentivar recorrência, o app recorre à gamificação, como jogos de roleta e cultivo de campos (farmland) para conceder bônus aos clientes.

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No Magalu, a ordem é preservar margens

No Magalu, o foco tem sido impulsionar as vendas no marketplace sem sacrificar margens, com maior participação na receita dos ganhos com entregas para terceiros (fulfillment). Em junho, a companhia anunciou parceria estratégica com o AliExpress, marketplace asiático do Alibaba, do bilionário chinês Jack Ma, para complementar o sortimento, principalmente com produtos de tíquete mais baixo.

As vendas do e-commerce da companhia somaram R$ 10,8 bilhões no segundo trimestre, um leve avanço de 0,9% em 12 meses. A participação das vendas do canal online nas receitas totais do grupo foi de 70,4%.

No e-commerce com estoque próprio (1P), as vendas caíram 1,2%. No marketplace, somaram R$ 4,4 bilhões no trimestre, com crescimento de 4%.

A companhia informou que, no segundo trimestre, seu app acumulou 49,6 milhões de usuários ativos mensais. No segundo trimestre, o Magazine Luiza zerou dívida de curto prazo, elevou a margem bruta de mercadoria no 1P (loja física), bem como a receita de serviços, da financeira e de ads.

O Magazine Luiza também fechou 40 unidades no primeiro semestre, para um total de 1.246 lojas em junho, disse a diretora de relações com investidores, Vanessa Rossini, à Bloomberg Línea no início de agosto.

“Foram fechamentos pontuais de lojas com resultado muito difícil ou localização muito próxima de outra. Não falo que não possa ter mais fechamentos à frente, mas não deve ser nada muito material”, afirmou Rossini.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.