Temasek vê mudança em alocação e privilegia Américas ante guerra tech EUA-China

Fundo soberano de Singapura planeja investir US$ 30 bilhões nos EUA nos próximos cinco anos, em momento em que adota postura cautelosa em ativos chineses que possam ser alvo de sanções

Imagem de Marina Bay, em Cingapura
Por Marion Halftermeyer
30 de Julho, 2024 | 04:46 PM

Bloomberg — O Temasek Holdings, fundo soberano de Cingapura, planeja investir US$ 30 bilhões no mercado americano nos próximos cinco anos, ao mesmo tempo em que continua cauteloso com a China.

“As Américas serão e continuarão a ser o maior receptor de capital”, disse Jane Atherton, diretora da Temasek para a América do Norte, em uma entrevista à Bloomberg News na segunda-feira (29).

Neste ano, os investimentos do Temasek nas Américas do Norte e do Sul ultrapassaram o volume alocado para a China pela primeira vez em pelo menos uma década.

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Os investimentos nas Américas agora representam 22% de seu portfólio, ou US$ 63 bilhões. Os investimentos na China representam 19% do portfólio, e aqueles em Singapura, 27%.

Além dos planos da Atherton de investir US$ 30 bilhões nos EUA em cinco anos, a Temasek não separa os números dos EUA de seus investimentos gerais nas Américas.

Percentuais de recursos alocados no portfólio do Temasek ao longo dos últimos anos: mais Américas, menos China

A empresa tinha sob gestão 389 bilhões de dólares de Singapura (cerca de US$ 290 bilhões) de ativos em março, ligeiramente acima dos 382 bilhões de dólares de Singapura do ano anterior.

A China e os EUA estão competindo para dominar a fabricação de semicondutores devido à sua ligação com a Inteligência Artificial e outras frentes de negócios da economia digital.

Os EUA tentam limitar a ascensão de seu rival asiático por meio de controles de exportação e tarifas, e até com uma regra em estudo que restringiria o acesso da China à tecnologia avançada de semicondutores.

Essa disputa entre os EUA e a China tem feito com que grandes investidores naveguem em um ambiente de armadilha geopolítica enquanto buscam capturar uma parte de um dos setores mais quentes do mercado.

Atherton, do Temasek, disse que há maneiras de estruturar investimentos que contornem certas restrições, como a aquisição de participações passivas em ações públicas de empresas de semicondutores listadas em bolsa.

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Na China, a Temasek tem evitado investir em áreas geopoliticamente sensíveis, concentrando-se, em vez disso, em grandes empresas nacionais. Esse fundo soberano de Singapura procura fazer novos investimentos em fabricantes de veículos elétricos e empresas de biotecnologia.

"Nós nos certificamos de que não estamos investindo em empresas que estejam na mira de tensões geopolíticas", disse Atherton.

No caso dos EUA, a executiva disse que o Temasek tem procurado investir em empresas relacionadas à IA, bem como em semicondutores e infraestrutura, como data centers e as empresas que os alimentam.

O Temasek pode aumentar a sua exposição ao negócio de data centers por meio de suas próprias subsidiárias imobiliárias - a Mapletree Investments e o CapitaLand Group - ou com investimento em conjunto com empresas de capital privado, de acordo com Atherton.

A Temasek quintuplicou o volume de seus ativos nos EUA na última década.

- Com a colaboração de David Ramli.

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