Telefónica negocia venda de operação na Colômbia e vê foco em mercados-chave

Grupo espanhol de telecomunicações, dono da Vivo no Brasil, tem buscado reduzir a presença na América Latina e quer consolidar o mercado de fibra na Espanha

Telefonica
Por Clara Hernanz Lizarraga
31 de Julho, 2024 | 11:51 AM

Bloomberg — O grupo Telefónica fechou novos acordos como parte de um esforço para reestruturar as operações nos seus principais mercados e atrair investidores em ações.

A empresa espanhola de telecomunicações anunciou dois negócios nesta quarta-feira (31): em um deles, abriu conversas para vender sua unidade colombiana, a Coltel, para a operadora latino-americana Millicom International Cellular por US$ 400 milhões em dinheiro.

Um acordo bem-sucedido faria com que a Telefônica deixasse o país, uma de suas subsidiárias latino-americanas mais alavancadas, após 18 anos.

A empresa também anunciou a criação de uma operadora conjunta de banda larga de fibra óptica na Espanha com a rival britânica Vodafone, para compartilhar os custos de rede. A Telefónica terá a maior participação na futura empresa e as duas operadoras ainda pretendem trazer um terceiro sócio.

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Há anos os investidores têm se afastado das ações europeias de telecomunicações em razão das baixas perspectivas de crescimento do setor - um problema que é exacerbado no caso da Telefónica por sua exposição às oscilações cambiais em economias da América Latina.

No Brasil, o grupo é o principal acionista da operadora Vivo (VIVT3), com participação de 75,29% do capital social da companhia. As ações da Vivo subiam 1,42% por volta das 11h50, no horário de Brasília.

José Maria Alvarez-Pallete, presidente executivo (CEO) da operadora, tenta mostrar aos investidores que pode atingir lucros confiáveis para pagar dividendos e, ao mesmo tempo, reduzir a dívida.

Menor presença na América Latina

Com os novos acordos anunciados nesta quarta, a Telefónica tenta aliviar dois pontos de pressão. A operadora tem procurado reduzir sua presença na América Latina desde 2019, revertendo uma estratégia anterior de tentar impulsionar o crescimento na região, mas o progresso tem sido lento.

A empresa também quer consolidar os mercados em que opera. A Espanha é o maior para a empresa, mas também um dos mais competitivos da Europa. O país tem um número maior de operadoras de rede de fibra em comparação com outros locais. A Telefónica tem dito repetidamente que poderia se beneficiar de uma consolidação.

A parceria com a Vodafone Espanha poderia dar à Telefônica um aumento de caixa que ajudaria a reduzir sua dívida, disse Joaquin Guerrero, diretor da empresa de consultoria em telecomunicações Nae.

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O movimento faz parte de uma jogada de longo prazo para monetizar sua infraestrutura, disse ele, apontando para um acordo semelhante na Espanha com a operadora novata Digi Communications.

“A empresa oferece a eles sua infraestrutura a longo prazo e, ao fazê-lo, pode capturar seu crescimento futuro”, disse Guerrero à Bloomberg News. “Isso é algo que distingue a estratégia da Telefónica neste momento.”

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Essas parcerias podem ajudar a Telefónica a enfrentar um mercado em transformação. Seu negócio de atacado encolheu 3,1% no primeiro semestre de 2024, e a operadora espera quedas de um dígito baixo a médio nos próximos anos.

Juntamente com os acordos, a Telefônica divulgou resultados financeiros na quarta-feira que ficaram em linha com as expectativas dos analistas.

Os lucros ajustados antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebtida) cresceram 1,8%, para € 3,2 bilhões (US$ 3,5 bilhões) no segundo trimestre, informou a empresa. O resultado foi em linha com a previsão média dos analistas em uma pesquisa da Bloomberg. A Telefónica também reiterou sua perspectiva de crescimento do lucro e do fluxo de caixa livre este ano.

O fluxo de caixa livre, uma métrica fundamental na nova estratégia da Telefónica, foi de 205 milhões de euros e foi atingido pela sazonalidade e por um pagamento de impostos de 274 milhões de euros no Peru.

A Telefónica viu suas ações subirem mais de 19% neste ano, apoiada por novos investidores agressivos. O plano declarado da Saudi Telecom de adquirir uma participação de até 9,9% na Telefónica estimulou o governo espanhol a assumir uma posição de 10% no início deste ano. A empresa de investimentos espanhola CriteriaCaixa atingiu uma participação de 9,9% no final de junho.

-- Com informações da Bloomberg Línea sobre a participação do grupo na Vivo.

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