Telecom Italia aprova a venda de sua rede para a KKR em um acordo de € 22 bilhões

Após uma maratona de reuniões que terminou no domingo, o aval foi dado apesar da oposição do maior acionista da operadora, a Vivendi, que prometeu usar “todos os meios legais à sua disposição para contestar a decisão”

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Bloomberg — A Telecom Italia, controladora da TIM Brasil, concordou em vender sua rede de telefonia fixa para empresa de private equity norte-americana KKR, em um negócio superlativo, de 22 bilhões de euros (US$ 23,6 bilhões). O acerto conta com o respaldo do governo da Itália.

O conselho de administração da operadora de telefonia, após uma maratona de reuniões que começou na sexta-feira, aprovou no domingo (5) a venda da rede para a gigante norte-americana de capital privado, sem condicioná-la a uma votação dos acionistas, informou em um comunicado. A decisão foi tomada apesar da oposição do maior acionista da operadora, a Vivendi.

A KKR avaliou a rede em 18,8 bilhões de euros, mas o valor total do negócio chega a 22 bilhões de euros, com base no que pode ser ganho se a rede for fundida com a da pequena rival Open Fiber. O acordo, que a Telecom espera fechar até o verão de 2024 no hemisfério norte, deve permitir que a empresa reduza sua dívida em 14 bilhões de euros, disse.

O conselho não aprovou a oferta da KKR pela unidade de cabos submarinos da Telecom, a Sparkle, e prorrogou até 5 de dezembro o prazo para verificar a possibilidade de uma oferta maior. A empresa foi avaliada anteriormente em cerca de 1 bilhão de euros.

A decisão marca uma vitória para o CEO Pietro Labriola, o principal arquiteto do plano de venda da rede, e é um resultado bem-vindo para a administração da primeira-ministra Giorgia Meloni, uma vez que o acordo com a KKR permitirá que o antigo monopólio controlado pelo Estado reduza sua pilha de dívidas, ao mesmo tempo em que permite que o governo mantenha a supervisão sobre um ativo considerado estratégico.

A decisão do conselho de 11 contra 3 foi imediatamente criticada pela Vivendi, que há muito tempo se opõe aos planos de se desfazer da rede, o ativo mais valioso da Telecom Italia.

Em um comunicado minutos após o anúncio, a Vivendi disse que “lamenta profundamente” a decisão do conselho e que “usará todos os meios legais à sua disposição para contestar essa decisão e proteger seus direitos e os de todos os acionistas”.

O conglomerado de mídia já convocou uma reunião extraordinária de acionistas, na qual poderia tentar reunir apoio para interromper a venda.

Há meses, a Telecom Italia vem tentando vender a rede. Embora a empresa seja de propriedade privada, o governo de Meloni e o governo liderado por Mario Draghi antes dele desempenharam um papel fundamental na engenharia de um acordo que permitiria ao governo manter a influência, dado o nível de emprego da empresa e a importância geopolítica da rede de telecomunicações que ela controla.

Após o fracasso de outras opções, o governo apoiou o plano da KKR e preparou fundos para investir diretamente na empresa para manter o controle.

Obter o sinal verde da diretoria tornou-se ainda mais complicado no final do mês passado, depois que uma empresa de investimentos sediada em Londres, a Merlyn Advisors apresentou um plano surpresa para interromper a venda e substituir Labriola. Embora a Merlyn só possua publicamente cerca de 0,006% da Telecom Italia, a proposta ganhou força imediata com a Vivendi, que vem pedindo pelo menos 30 bilhões de euros para vender o ativo.

Em um comunicado após a decisão do conselho, a Merlyn disse que entrará com uma ação judicial para impedir a venda e convocou uma assembleia de acionistas.

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