Suzano vê real fraco como favorável, mesmo após perda recorde de R$ 3,8 bi

No segundo trimestre, a gigante de celulose reportou o maior prejuízo em um período semelhante, de acordo com dados que remontam a 1998

No 2º trimestre de 2023 a empresa havia reportado lucro de R$ 5,1 bilhões (Fonte: Divulgação)
Por Dayanne Sousa
09 de Agosto, 2024 | 08:25 AM

Bloomberg — A Suzano (SUZB3), a maior fornecedora de celulose do mundo, espera se beneficiar de uma moeda brasileira fraca, mesmo depois de registrar um prejuízo recorde, já que a desvalorização do real aumentou o tamanho da dívida externa da empresa e corroeu o valor justo dos derivativos.

“Quanto mais depreciada a moeda, mais caixa a Suzano vai gerar”, disse o diretor financeiro Marcelo Bacci em uma entrevista à Bloomberg News.

A moeda mais fraca está elevando a receita das vendas de celulose feitas em dólares, disse Bacci, enquanto a maioria das perdas relatadas se deve à contabilidade.

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Os desembolsos de caixa relacionados a perdas com derivativos, como opções, só ocorrerão no momento do vencimento, disse Bacci, com os impactos sendo compensados pelo fluxo de caixa proveniente das vendas.

A empresa sediada em São Paulo registrou um prejuízo de R$ 3,77 bilhões nos três meses encerrados em junho, em comparação com um lucro de R$ 5,1 bilhões no ano anterior.

A estimativa média dos analistas consultados pela Bloomberg era de um lucro de R$ 2,13 bilhões. Esse é o maior prejuízo trimestral da empresa em um período semelhante, de acordo com dados que remontam a 1998.

Os resultados operacionais da Suzano ainda foram sólidos, uma vez que a empresa se beneficiou dos preços mais altos da celulose e dos maiores volumes de vendas.

Os lucros, excluindo alguns itens como juros e impostos, aumentaram 60% em relação ao ano anterior, para R$ 6,29 bilhões.

Olhando para frente, a empresa também espera maiores volumes de vendas nos próximos trimestres devido ao aumento da capacidade de produção após o início da operação de uma nova fábrica em julho.

Isso deverá contribuir para os resultados, mesmo que os preços da celulose na China, principal importador, tenham começado a cair recentemente, disse o CEO Beto Abreu.

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