Bloomberg — A Suzano (SUZB3), maior produtora mundial de celulose, pode manter seu grau de investimento mesmo se aumentar sua dívida em mais de US$ 15 bilhões para adquirir a rival International Paper (IP), de acordo com a S&P Global Rating.
A empresa brasileira, que obteve classificação de grau de investimento em 2018, está em negociações com bancos para financiar uma potencial oferta pela gigante norte-americana de embalagens, disseram pessoas familiarizadas com o assunto no mês passado. Mas alguns investidores estão preocupados que um acordo possa levar ao rebaixamento do rating da Suzano.
“A aquisição, que é apenas uma possibilidade no momento, não levaria diretamente ao rebaixamento”, disse Fabiana Gobbi, analista da S&P, em entrevista à Bloomberg News.
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As operações combinadas da Suzano e da International Paper criariam uma empresa com dívida líquida de montante equivalente a cinco vezes seu lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização.
Isso está acima do múltiplo habitual de 3,5 para empresas que, como a Suzano, têm classificação BBB-, apenas um degrau acima do grau especulativo, disse ela.
Ainda assim, uma estratégia clara para reduzir a alavancagem e trazê-la de volta aos padrões de grau de investimento dentro de três anos poderia ajudar a empresa a manter a sua classificação de risco de crédito, disse Gobbi.
Ela vê benefícios em um acordo potencial, que ajudaria a Suzano a diversificar seus negócios e reduzir a volatilidade dos lucros.
Dívida de US$ 12 bi
A Suzano, com sede em São Paulo, tem atualmente cerca de US$ 12 bilhões em dívida líquida. A empresa tem garantido aos investidores que não fará nenhum negócio que comprometa seu grau de investimento.
A International Paper rejeitou a oferta inicial da Suzano de US$ 42 por ação, que avaliou a empresa em quase US$ 15 bilhões.
Não está claro até onde a Suzano estaria disposta a ir se e quando fizer outra oferta, mas a International Paper, com sede no Tennessee, provavelmente rejeitará qualquer oferta abaixo de US$ 50 por ação, disseram pessoas familiarizadas com o assunto.
A Suzano, que disse publicamente que está interessada nos ativos da International Paper, não é conhecida por apressar negócios. A recentemente anunciada compra de uma participação de 15% na fabricante têxtil austríaca Lenzing por 230 milhões de euros (US$ 247 milhões) aconteceu depois de dois anos de negociações, segundo pessoas familiarizadas com o assunto.
A compra da International Paper ajudaria a Suzano a estabilizar os lucros, uma vez que os preços dos produtos de embalagem são menos voláteis do que de celulose, que representam 90% dos negócios da Suzano, disse Gobbi.
Um plano para reduzir investimentos, cortar custos e dividendos e vender ativos não-essenciais – semelhante ao apresentado pela Suzano quando adquiriu a Fibria por US$ 11 bilhões em 2018 – poderia ajudar a reduzir a alavancagem, disse a analista. Naquela época, a S&P manteve inalterado o rating da Suzano.
Espera-se que a geração de fluxo de caixa da Suzano se expanda após o início de novas operações este ano, aumentando a produção de celulose em 20% em 2025. Isso provavelmente também ajudaria a empresa a pagar parte de sua dívida, mesmo que o aumento da oferta reduza os preços globais.
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