Bloomberg — A Suzano está em negociações com bancos japoneses como Mizuho, Nomura e Mitsubishi UFJ para financiar uma possível oferta de aquisição da International Paper, a gigante norte-americana do ramo de embalagens, segundo pessoas familiarizadas com o assunto que falaram à Bloomberg News.
A empresa brasileira, que é a maior produtora de celulose do mundo, avalia uma oferta que envolveria dinheiro e troca de ações por todos os ativos da International Paper, disse uma das pessoas, que pediu para não ser identificada porque as discussões são privadas.
O acordo de financiamento com os bancos replicaria o modelo de aquisição da rival de celulose Fibria pela Suzano (SUZB3) por US$ 11 bilhões em 2018 - uma transação que incluiu um empréstimo-ponte e um mecanismo de financiamento pré-pagamento de exportação - e contou com a Mizuho entre os principais bancos, disseram as pessoas.
Mizuho e Nomura não comentam. Suzano e Mitsubishi não responderam imediatamente a pedidos de comentários.
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A Suzano confirmou na quarta-feira (22) que tem interesse nos ativos da International Paper.
Uma combinação entre as duas empresas criaria uma potência de celulose e papel que lidaria com todas as etapas, desde o plantio de eucaliptos até a distribuição de caixas de papelão ondulado, com operações que abrangem da América do Norte ao Japão.
A empresa já controla quase um terço da capacidade globalde celulose de fibra curta, uma matéria-prima chave para papéis higiênicos e de escrita. Uma aquisição da International Paper marcaria o seu primeiro passo em um impulso muito aguardado para a internacionalização e permitiria diversificar as operações no setor de embalagens mais estável.
O plano de aquisição da Suzano, no entanto, tem obstáculos significativos para se concretizar.
A International Paper é duas vezes maior que a companhia brasileira em termos de vendas e tem um acordo pendente para comprar a rival britânica de embalagens DS Smith por £ 5,8 bilhões (US$ 7,4 bilhões), uma combinação que a tornaria grande demais para a Suzano.
A alavancagem da Suzano já está elevada, hoje em cerca de 3,5 vezes o Ebitda (lucro antes de itens como juros e impostos), o que pode limitar a capacidade da empresa de assumir muito mais dívida sem comprometer a sua classificação de grau de investimento.
A empresa, controlada pela família Feffer, já demonstrou a sua capacidade de explorar os mercados de dívida para mega negócios.
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Quando concordou em adquirir a Fibria – que também era uma empresa maior na época –, a Suzano obteve um compromisso de financiamento de US$ 9,2 bilhões de um grupo de bancos liderado por Mizuho, Rabobank, BNP Paribas e JPMorgan.
As ações da Suzano despencaram cerca de 15% desde 6 de maio, antes de a Reuters informar que a empresa havia abordado a International Paper para uma oferta de compra.
Enquanto isso, a ação da International Paper saltou 20% no período, levando a companhia um valor de mercado de US$ 15,4 bilhões, valor superior ao da empresa brasileira.
- Com a colaboração de Gerson Freitas Jr. e Felipe Saturnino.
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