Suzano diz que vendas de papel higiênico à China afetaram demanda por celulose

Produção local chinesa e concorrência com fábricas da América do Sul farão com que a produção global supere a demanda até 2028, segundo a empresa

O aumento da demanda chinesa por papel higiênico na última década ajudou a tornar a empresa brasileira a maior exportadora mundial de celulose de madeira
Por Dayanne Sousa
12 de Dezembro, 2024 | 06:44 PM

Bloomberg — O aumento da demanda chinesa por papel higiênico na última década ajudou a tornar a Suzano a maior exportadora mundial de celulose de madeira.

Isso está mudando.

PUBLICIDADE

Empresas chinesas de papel que buscam produzir sua própria celulose estão reduzindo a demanda pelo principal produto da empresa brasileira, conhecido como celulose de fibra curta. Isso, combinado com o aumento da oferta proveniente de novas fábricas na América do Sul, fará com que a produção global supere a demanda até 2028, segundo Leonardo Grimaldi, vice-presidente executivo de celulose comercial e logística da Suzano.

Os comentários vêm após o diretor-presidente João Alberto Abreu dizer em outubro que os negócios na China mostram alguns sinais de estabilização depois de uma queda adicional no terceiro trimestre. A Suzano depende da China para cerca de 40% de suas vendas.

Leia também: Suzano considera novas emissões de títulos em moeda chinesa, diz CFO

PUBLICIDADE

“Qualquer novo projeto de investimento em celulose enfrentará um cenário mais desafiador”, disse Grimaldi a jornalistas na quinta-feira (12).

As ações da Suzano subiram cerca de 25% no Brasil no último ano.

A empresa acaba de inaugurar sua maior fábrica de celulose no estado do Mato Grosso do Sul. Como a madeira utilizada nessas plantas vem de florestas plantadas que levam sete anos para crescer, agora seria a hora de começar a pensar no próximo passo.

PUBLICIDADE

Mas os planos para adicionar uma nova fábrica foram questionados, pois o retorno potencial seria reduzido em um cenário de excesso de oferta e preços mais baixos, disse Grimaldi.

Leia também: Suzano vê real fraco como favorável, mesmo após perda recorde de R$ 3,8 bi

Ainda assim, a Suzano acredita que há possíveis oportunidades. As fábricas da empresa possuem um baixo custo de produção, enquanto um ambiente de preços mais fracos pode forçar outros produtores de celulose com custos mais altos a fechar suas fábricas, disse ele.

PUBLICIDADE

Abreu afirmou na quinta-feira que a Suzano não se envolverá em fusões e aquisições “transformacionais”. No início deste ano, a empresa tentou comprar a International Paper, sem sucesso.

Aquisições menores ainda podem ocorrer. A empresa continua buscando crescimento no setor de embalagens nos Estados Unidos e vê oportunidades tanto para investimentos orgânicos quanto para fusões e aquisições, disse Fabio Almeida de Oliveira, vice-presidente executivo de papel e embalagens.

Leia mais em Bloomberg.com

Leia também: Suzano adquire duas fábricas por US$ 110 milhões e avança no mercado dos EUA