Subsídios e produção local: a disputa da Stellantis com o governo italiano

‘Nós amamos a Itália e os nossos funcionários italianos’, disse o CEO do grupo automotivo, Carlos Tavares, em referência às fábricas no país europeu e às marcas Fiat, Maserati e Alfa Romeo

John Elkann, chairman of Stellantis NV, left, and Carlos Tavares, chief executive officer of Stellantis NV, during the inauguration of the Automotive Cells Company (ACC) gigafactory in Douvrin, France, on Tuesday, May 30, 2023
Por Albertina Torsoli - Flavia Rotondi
16 de Fevereiro, 2024 | 08:14 PM

Bloomberg — O CEO da Stellantis, o executivo português Carlos Tavares, ofereceu um ramo de oliveira após semanas de disputa com o governo italiano e prometeu fortalecer a produção local, destacando os esforços já feitos para ampliar sua presença no país.

A montadora também está aberta a eventualmente fabricar carros da montadora chinesa Leapmotor na Itália, caso isso faça sentido do ponto de vista econômico, disse o CEO de 65 anos.

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A Stellantis fechou no ano passado um acordo de US$ 1,6 bilhão para adquirir uma participação na fabricante chinesa de veículos elétricos Zhejiang Leapmotor Technology, com o objetivo de de preencher uma lacuna em um mercado crucial na transição global para veículos elétricos.

“Compartilhamos dos mesmos objetivos do governo italiano” para fortalecer a produção para 1 milhão de veículos até 2030 ou até antes disso, se possível, disse Tavares em uma teleconferência na quinta-feira (15). “Queremos fazer mais na Itália. Amamos a Itália. Amamos nossos funcionários italianos.”

As declarações de Tavares surgem em meio a crescentes tensões entre Roma e a montadora com sede em Amsterdã, na Holanda, que possui marcas icônicas italianas como Fiat, Maserati e Alfa Romeo.

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A Stellantis recebeu críticas depois de insinuar que os empregos poderiam estar em risco em suas duas fábricas de Mirafiori e Pomigliano, ambas na Itália, devido à falta de subsídios para veículos elétricos pelo governo nacional. O governo de Roma anunciou desde então um pacote de subsídios.

O ministro da Indústria italiano, Alfredo Urso, disse aos parlamentares na quarta-feira (14) que o governo da primeira-ministra Giorgia Meloni estava em busca de atrair uma nova grande montadora para a Itália, uma medida que visa pressionar a Stellantis a investir mais no país.

“É claro que há futuro para Pomigliano, é claro que há futuro para Mirafiori”, disse Tavares a jornalistas, em uma tentativa de dissipar a polêmica. A fábrica de Pomigliano, no sul da Itália, “está em plena produção agora, é muito forte por um motivo simples, queremos vender mais Pandas”, disse Tavares.

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Segundo o CEO do grupo automotivo global, Mirafiori sofre desafios que vão além da indústria automotiva, não apenas na Itália, devido a uma desaceleração da demanda por veículos elétricos.

Tavares também observou que a Stellantis tem investido em duas plataformas na Itália, chamadas de plataforma Stella Medium e Stella Large, à medida que a montadora enfrenta uma transição difícil e custosa para a eletrificação.

“Nenhum outro país do mundo possui duas plataformas completamente novas”, apenas a Itália, disse Tavares.

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A Stellantis trabalhará “lado a lado” com o governo italiano para aumentar a produção, e Tavares também disse que está “trabalhando duro com nossos excelentes funcionários italianos” para garantir o melhor futuro possível para as fábricas no país.

Ainda assim, a eletrificação e os esforços para atrair investimentos não devem opor um país europeu contra outro, acrescentou o CEO.

“Para Turim e a Itália vencerem, não precisamos fazer com que outra pessoa perca”, dada a enorme quantidade de investimentos necessários em toda a região para combater a concorrência dos fabricantes chineses, disse Tavares.

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