Stone cresce em cima da concorrência e tem lucro que supera consenso do mercado

CFO, Mateus Scherer, e CSO, Lia Matos, dizem que a companhia avançou em eficiência de custos acima do previsto e que o crescimento se deu com ganho de market share

Stone, empresa de maquininha
14 de Agosto, 2024 | 05:36 PM

Bloomberg Línea — A Stone (STNE) superou o consenso do mercado ao reportar um lucro acima das projeções dos analistas para o segundo trimestre, período em que capturou novos clientes, ganhou escala no mercado de crédito e market share em adquirência, em um mercado com players incumbentes como Rede (do Itaú), Cielo (Bradesco e Banco do Brasil) e GetNet (Santander).

A companhia reportou nesta quarta-feira (14) depois do fechamento do mercado um lucro líquido ajustado de R$ 497 milhões, com alta anual de 54%. O consenso das estimativas de analistas compiladas pela Bloomberg apontava a expectativa de um lucro líquido ajustado de R$ 479 milhões.

“Tivemos uma eficiência em custos maior do que era previsto, principalmente em despesas financeiras. Nosso crescimento vem do ganho de market share. Estamos tirando clientes da concorrência”, disse o CFO da Stone, Mateus Scherer, em teleconferência com jornalistas.

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A receita total de R$ 3,2 bilhões acumulada entre abril e junho ficou em linha com a previsão mediana do mercado (R$ 3,23 bilhões), com crescimento de 8% no comparativo anual. O EBT (lucro antes de impostos) ajustado cresceu 46%, para R$ 652 milhões na visão anual, com margem de 20,3%

“A principal mensagem do segundo trimestre é que o nosso resultado foi consistente com um forte volume. Continuamos a escalada de crédito e de banking”, afirmou a diretora de estratégia (CSO) da Stone, Lia Matos.

A receita de serviços financeiros alcançou R$ 2,8 bilhões, com avanço anual 11%. O TPV (volume total de pagamentos processados) dos clientes MPME (micro, pequenas e médias empresas) cresceu 25%, com a inclusão do volume processado de Pix QR Code.

Nas negociações do after hours, as ações da companhia recuavam perto de 2%.

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A Stone destacou que esse segmento de clientes teve um aumento de sete pontos-base no take rate (ganho por transação) em 12 meses. A base de clientes MPME cresceu 30% na comparação anual, para 3,9 milhões de clientes ativos de pagamentos. O consenso da Bloomberg projetava 3,89 milhões de clientes.

Segundo os executivos da Stone, o take rate fechou o segundo trimestre em 2,54%, no mesmo patamar do primeiro, mas a variação do primeiro semestre subiu de 2,48% para 2,54% no comparativo anual. O consenso Bloomberg apontava expectativa de um take rate de 2,72%.

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“O take rate dos analistas do sell side tem diferentes metodologias. Não dá para olhar muito para ele e fazer comparações. O take rate veio em linha com as expectativas”, disse o CFO.

Competição e market share

Segundo os executivos da Stone, o desempenho do segundo trimestre mostrou uma tendência de redução da participação de players tradicionais no ranking de volumes processados no setor de adquirência.

A Cielo fecha o capital nesta sexta-feira (16), com a liquidação da OPA (Oferta Pública de Ações), a ser concluída ao preço de R$ 5,85. No segundo trimestre, a Cielo teve um lucro de R$ 386 milhões, o que representou uma queda anual de 20,7%.

“Os três incumbentes [Cielo, Rede e GetNet] tiveram perda de participação. Estamos capturando share dos incumbentes, crescendo acima do mercado. Continuamos com capacidade de ganhar novos clientes”, acrescentou o CFO.

A plataforma de banking da Stone elevou em 62% sua base de clientes, totalizando 2,7 milhões, com depósitos de R$ 6,5 bilhões, uma alta anual de 65%.

Houve aumento de 32% da carteira de cartão de crédito e capital de giro no comparativo trimestral, para R$ 712 milhões. No segmento de software, a Stone divulgou que a receita ficou estável no ano, em R$ 384 milhões, com Ebitda ajustado de R$ 64 milhões e margem ajustada de 16,7%.

“No segundo trimestre, continuamos avançando na execução das nossas prioridades estratégicas, construindo um ecossistema cada vez mais completo de soluções para micro, pequenos e médios empreendedores brasileiros”, disse Pedro Zinner, CEO da Stone, em nota.

O CEO informou que a companhia alocou recursos para a execução de quase a integralidade do programa de recompra de ações aprovado em 2023, totalizando R$ 1 bilhão, citando como razão a “trajetória consistente de resultados e do compromisso com o longo prazo, aliado à dinâmica mais volátil do mercado de capitais”.

A ação da Stone, negociada na Nasdaq, acumula desvalorização de cerca de 25% no ano.

Na próxima terça-feira (20), outro player relevante do segmento de meios de pagamento, o PagBank, divulga os seus resultados trimestrais.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.