Stellantis prepara venda de marca chinesa no Brasil e diz que avalia produção local

Holding das marcas Fiat, Jeep e Peugeot formou joint venture para mercados globais com a Leapmotor, e o CEO para a América do Sul, Emanuele Cappellano, conta os planos na região

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Bloomberg Línea — A Stellantis, holding dona de marcas como Fiat e Jeep, trabalha para lançar neste ano os primeiros modelos da chinesa Leapmotor no mercado brasileiro. O acordo, firmado em âmbito global em 2023, não descarta a produção no Brasil.

“O acordo prevê flexibilidade para produção [de modelos da Leapmotor] fora da China, isso é uma possibilidade concreta e avaliamos essa oportunidade. Reforço o quanto [o processo para] a localização da Stellantis é um diferencial”, disse o CEO da Stellantis para América do Sul, Emanuele Cappellano, a jornalistas nesta quinta-feira (30).

O executivo acrescentou que, inicialmente, as operações de vendas da marca chinesa no país vão começar com carros importados.

“Isso faz parte do processo normal de lançamento [de novas marcas], mas é difícil acreditar que vai haver crescimento sem uma forte ‘localização’ dos produtos”, afirmou.

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Pelo acordo, a Stellantis prevê investimentos da ordem de 1,5 bilhão de euros para aquisição de aproximadamente 21% da Leapmotor, além da criação da Leapmotor International. Essa nova empresa operaria no formato de joint venture, com direitos exclusivos para exportação, venda e fabricação de produtos da marca fora da China.

Segundo a Bright Consultoria Automotiva, a Leapmotor produz aproximadamente 300 mil carros por ano, o que corresponde a 1% do volume total do mercado chinês. No entanto, no segmento de eletrificados, a montadora é uma das líderes no país asiático.

Para o diretor da consultoria, Murilo Briganti, a joint venture é uma oportunidade de ampliação do portfólio de veículos eletrificados para a Stellantis.

“O grupo vai entendendo, aos poucos, a demanda do mercado de elétricos, bem como aloca os modelos de todas as suas marcas de acordo com a aceitação e faixa de renda de cada uma delas”, disse o especialista.

Cappellano destacou que a decisão de produzir modelos da marca chinesa no Brasil será tomada “mais à frente”, dentro da estratégia de suprir uma demanda não atendida no mercado local.

“Nem todos os modelos [da marca] são interessantes para o nosso mercado, vamos lançar somente aqueles que fazem sentido”, explicou.

Na América do Sul, o lançamento da Leapmotor está previsto neste ano nos mercados do Brasil e do Chile. “Também avaliamos outros mercados em que podemos lançar [a marca] ainda em 2025 e no começo de 2026. Vai ser um diferencial para a Stellantis”, disse Cappellano.

Produção aquecida

A Stellantis anunciou ainda nesta quinta-feira a contratação de 1.500 funcionários, dos quais 1.200 para o complexo de Betim, em Minas Gerais, e 300 para Porto Real, no Rio de Janeiro.

Atualmente, são 16.000 empregados na fábrica mineira - o que corresponde à metade da força de trabalho de todo o grupo na América do Sul - e 1.800 na unidade fluminense.

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“As contratações já estão acontecendo, é um momento de crescimento”, afirmou Cappellano.

Para o ciclo entre 2025 e 2030, os investimentos do grupo previstos para América do Sul são de R$ 32 bilhões, que contemplam o lançamento de 40 novos produtos, incluindo modelos híbridos a etanol.

Nova família de modelos na Argentina

Na Argentina, o grupo iniciará a produção da picape Titano em Córdoba, cuja linha receberá um pacote de investimentos da ordem de US$ 385 milhões, o que inclui a fabricação de componentes e um novo motor.

“É o primeiro passo para a Stellantis ter uma família nova de produtos produzidos na Argentina. O segmento de picapes é relevante para nós e a Fiat não tinha essa presença consolidada”, disse Cappellano.

Segundo a Stellantis, o grupo encerrou 2024 com uma participação de mercado na América do Sul de 22,9%, com 916 mil veículos comercializados na região durante o período.

A montadora liderou os emplacamentos no Brasil, com 29,4% de market share, na Argentina, com 29,7%, e no Uruguai, com 23,6%.

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No ano passado, a Stellantis do Brasil exportou 116 mil veículos, o que representou alta de 17% sobre os embarques de 2023, desempenho puxado pela demanda de Argentina e México.

Questionado sobre o esperado aumento do protecionismo nos Estados Unidos, Cappellano disse que a companhia tem acompanhado os movimentos globais de perto.

“A vantagem [da Stellantis] é ter uma ampla localização [da produção] em diferentes regiões, em busca da maior competitividade possível. É isso que estamos fazendo.”

O executivo se declarou a favor da proposta da Anfavea de antecipação do aumento da alíquota do imposto de importação sobre carros elétricos. “O único requisito é que as condições sejam iguais [para todos]. Se não há distorções, a concorrência é bem-vinda”, disse.

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