Stellantis começa a procurar um nome para suceder Carlos Tavares como CEO

Busca conduzida pelo chairman John Elkann foi confirmada pelo grupo automotivo à Bloomberg News; Tavares, no comando desde 2021, tem sido pressionado por vendas mais fracas

Carlos Tavares, chief executive officer of Stellantis
Por Albertina Torsoli - Daniele Lepido
23 de Setembro, 2024 | 03:49 PM

Bloomberg — O presidente do conselho da Stellantis, John Elkann, iniciou uma busca por um sucessor para o CEO, Carlos Tavares, cujo contrato expira no início de 2026. A montadora confirmou a decisão em resposta a perguntas da Bloomberg News e acrescentou que faz parte do planejamento regular de sucessão.

A pressão sobre o CEO tem aumentado devido ao fraco desempenho da Stellantis (STLA) em diferentes mercados, incluindo os Estados Unidos, seu maior mercado em termos de lucro.

Elkann não tem planos para uma mudança imediata de liderança e Tavares será incluído no processo de busca, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto que falaram à Bloomberg News.

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Ainda assim, o presidente do conselho de um dos maiores grupos automotivos do mundo está cada vez mais insatisfeito com a situação na América do Norte, onde as vendas têm diminuído e vários executivos deixaram a empresa, disseram as pessoas, que pediram para não ser identificadas ao discutir assuntos internos. Elkann também é CEO da Exor, a maior acionista da Stellantis.

Tavares, de 66 anos, tem seguido um rigoroso plano de corte de custos, enquanto a Stellantis enfrenta uma demanda enfraquecida por carros elétricos e uma concorrência crescente de fabricantes chineses.

Nos EUA, a fabricante da Jeep e da Chrysler luta com altos níveis de estoques, problemas de qualidade e queda na participação de mercado. As ações da empresa caíram mais de um terço neste ano.

É “normal” que o conselho comece a investigar o planejamento de sucessão, dado a importância da posição de CEO, “sem que isso tenha impacto nas discussões futuras”, já que ainda há a possibilidade de Tavares permanecer por mais tempo, disse um porta-voz da Stellantis à Bloomberg News.

Um porta-voz da Exor se recusou a comentar.

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No início deste mês, líderes da rede de concessionários da Stellantis nos EUA criticaram Tavares por presidir, em suas acusações, uma “rápida degradação” das marcas da fabricante, que também incluem a Ram e a Dodge, pedindo-lhe para gastar mais dinheiro para limpar o estoque antigo de seus pátios.

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A empresa também enfrenta a possibilidade de mais greves nos EUA e na Itália nas próximas semanas.

Resolver os problemas nos EUA será uma “prioridade máxima” para a Stellantis até o fim deste ano, disse a diretora financeira (CFO) Natalie Knight na segunda-feira (23) à noite.

A executiva acrescentou que a empresa tem trabalhado arduamente para encontrar soluções que satisfaçam todas as partes interessadas, incluindo os concessionários. Recentemente, a Stellantis se comprometeu a investir mais de US$ 406 milhões em três locais em Michigan.

Ainda assim, Tavares tem exigido cortes orçamentários adicionais para proteger a lucratividade, o que alimenta preocupações de que sua agressiva política de eficiência possa, em última instância, colocar em risco projetos de longo prazo e fluxos de receita, disseram as pessoas.

O CEO tem cortado empregos e reduzido a capacidade em fábricas americanas desde que a queda nas vendas nos EUA reduziu os ganhos do primeiro semestre quase pela metade. Ele está vendendo ativos e cogitou a possibilidade de se desfazer de uma ou mais das 14 marcas do grupo para proteger os lucros.

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O conselho de administração da Stellantis deve se reunir nos EUA em 9 e 10 de outubro para avaliar os planos colocados em prática para reverter o negócio na região, disseram as pessoas.

O CEO recebeu elogios por sua política de eficiência nos anos após a fusão no começo de 2021 da Fiat Chrysler (FCA) com a PSA (que reunia marcas como Peugeot e Citröen) da França, porque tornou o grupo mais enxuto e aumentou os retornos.

Nos meses depois do fim da pandemia de covid, a Stellantis se beneficiou da demanda reprimida e dos altos preços dos veículos, combinação que levou as ações a atingir o pico há seis meses. Em julho, no entanto, a montadora relatou uma queda de 48% no lucro líquido do primeiro semestre.

“As perspectivas econômicas do setor automotivo exigem que os investimentos sejam revisados com o objetivo de focar naqueles que representam a máxima contribuição para a satisfação do cliente, para o desempenho da empresa, sem qualquer compromisso em relação ao cumprimento das regulamentações, em particular as de CO2″, disse o porta-voz da Stellantis sobre metas de emissões.

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