Bloomberg — O SoftBank iniciou a venda de algumas de suas participações na América Latina com lucro, mesmo com o mercado de capitais fechado para ofertas públicas iniciais de ações das startups da região.
O fundo japonês está entre os vendedores na Pismo, uma empresa brasileira de tecnologia financeira que a Visa concordou em adquirir por US$ 1 bilhão em um negócio anunciado em junho.
Com a transação, prevista para ser concluída até o final do ano, o SoftBank mais que dobrou seu investimento inicial na Pismo em 18 meses, de acordo com Alex Szapiro, managing partner dos fundos da América Latina e responsável pelo SoftBank no Brasil.
A taxa interna de retorno, uma medida de lucratividade, foi de 54%, disse Szapiro.
O SoftBank está vendendo participações para “investidores estratégicos” porque, com altas taxas de juros, os mercados de capitais estão mais difíceis para startups, disse Szapiro em entrevista. E mais desinvestimentos estão por vir, disse ele.
Em junho, o fundo tinha US$ 7,6 bilhões em capital comprometido na região, com um valor justo de US$ 6 bilhões.
O ritmo de investimentos do SoftBank na América Latina diminuiu recentemente depois que o grupo chegou à toda em 2019, quando começou a alocar um fundo de US$ 5 bilhões dedicado a startups na região.
Cerca de 30 meses depois anunciou um segundo fundo, com US$ 3 bilhões. Szapiro foi um dos fundadores de empresas de tecnologia no final dos anos 90. Ele iniciou os negócios locais da Apple (AAPL) e da Amazon (AMZN) quando essas empresas se aventuraram no Brasil e está no SoftBank desde 2021.
Venda de participação na Avenue
O SoftBank também está vendendo sua participação na Avenue, corretora digital que atende brasileiros de classe média que investem em títulos e ações nos EUA, para o Itaú (ITUB4), maior banco da América Latina em valor de mercado.
O Itaú está comprando a Avenue em três parcelas, com término em 2026, por cerca de R$ 1,25 bilhão. Se o mercado abrir nesse meio tempo, a Avenue pode fazer uma oferta pública inicial de ações, de acordo com os termos da operação.
Outro desinvestimento é na empresa de pagamentos mexicana Yaydoo, que está sendo adquirida pela PayStand, líder em pagamentos feitos entre empresas baseados em blockchain que também tem investimentos do SoftBank. O valor da transação, anunciada em agosto de 2022, não foi divulgado.
Uma pessoa familiarizada com o assunto disse à Bloomberg News que os investimentos do SoftBank na Avenue e Yaydoo tiveram retornos semelhantes ou maiores do que no caso Pismo e pediu para não ser identificada porque a informação não é pública.
O SoftBank também vendeu a Inco, conhecida como Isaac, uma empresa brasileira que fornece plataformas financeiras e software para escolas, quando a Arco comprou a participação que ainda não possuía na empresa em uma troca de ações concluída em janeiro.
Agora, o SoftBank detém as ações da Arco e está decidindo se venderá em uma transação que deve acontecer no quarto trimestre em que o Dragoneer e o General Atlantic planejam fechar o capital da empresa de educação. O retorno não foi divulgado.
- Matéria corrigida às 19h com a alteração do título, que apontava que o SoftBank estava em busca de sócios estratégicos, algo que o managing partner, Alex Szapiro, não disse na entrevista.
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