Sob pressão de gestora, BP avalia vender Castrol por até US$ 10 bi, dizem fontes

Elliott Investment tem participação de quase 5% na empresa e pressiona por cortes de gastos e vendas de ativos para tentar reverter o desempenho da petrolífera nos últimos anos

A marca Castrol atende a clientes em mais de 150 países nos setores automotivo, marítimo, industrial, aeroespacial e de produção de energia
Por Dinesh Nair - Ruth David - Mitchell Ferman - Aaron Kirchfeld
19 de Fevereiro, 2025 | 12:43 PM

Bloomberg — A BP, na qual a gestora ativista Elliott Investment Management acumulou uma participação de quase 5%, considera uma possível venda de seu negócio de lubrificantes, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto que falaram com a Bloomberg News.

A unidade da petrolífera, que opera sob a marca Castrol, poderia valer cerca de US$ 10 bilhões em um acordo, disseram as pessoas, pedindo para não serem identificadas, pois o assunto é privado.

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A venda do negócio é uma das muitas opções que a BP está considerando para reconquistar a confiança dos investidores depois de anos de baixo desempenho, disseram as fontes. A unidade também está entre os ativos que a Elliott identificou para possíveis alienações, segundo elas.

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A BP pode anunciar o possível desinvestimento durante seu dia de mercado de capitais em 26 de fevereiro, disseram as fontes. As deliberações sobre a possível alienação estão em andamento e nenhuma decisão final foi tomada.

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Representantes da BP e da Elliott não quiseram comentar.

Marca reconhecida

A marca Castrol atende a clientes em mais de 150 países nos setores automotivo, marítimo, industrial, aeroespacial e de produção de energia, de acordo com o site da BP.

Recentemente, a marca expandiu-se para o desenvolvimento de tecnologia de resfriamento líquido para ajudar com o problema de superaquecimento em centros de dados. A Castrol também é uma marca amplamente reconhecida no esporte global por meio de parcerias de marketing com a NBA, WNBA e esportes motorizados.

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Cortes e desinvestimento

A Elliott, que acumulou uma participação de cerca de £ 3,7 bilhões (US$ 4,7 bilhões) na BP, exige que ela faça cortes drásticos de custos e desinvestimento para fortalecer seu futuro como empresa autônoma, informou a Bloomberg News na semana passada.

Ele quer que a BP remodele seus negócios de modo a se assemelhar mais a outras grandes petrolíferas, como a Shell, cortando gastos em áreas como energia renovável, além de fazer desinvestimentos consideráveis de ativos não essenciais.

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O negócio de lubrificantes da BP poderia valer cerca de US$ 8 bilhões a US$ 10 bilhões com base em um lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização de US$ 1 bilhão, escreveram os analistas da RBC Capital em uma nota de pesquisa para clientes em 9 de fevereiro.

A abordagem “mais agressiva” de Elliott poderia estar pressionando a BP a vender ou cindir outros negócios, como o xisto americano e o marketing de combustíveis, disseram os analistas.

Há várias outras partes da BP que foram identificadas pelos analistas para possíveis vendas de ativos, principalmente em energia limpa. Esse é um processo que já foi parcialmente iniciado com a cisão dos negócios eólicos offshore da BP em uma joint venture. O CEO Murray Auchincloss também está trabalhando para se desfazer de ativos eólicos em terra.

A empresa está procurando um parceiro para a Lightsource BP, uma unidade de energia solar e armazenamento de baterias. A empresa também possui uma unidade de carregamento de veículos elétricos que teve uma grande expansão nos EUA sob o comando do antecessor de Auchincloss.

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A BP, sob o comando do ex-diretor executivo Bernard Looney, adotou metas de emissões líquidas zero em uma aposta fracassada de que o consumo de petróleo havia atingido o pico. Desde então, a empresa tem se esforçado para apresentar uma estratégia clara para uma reviravolta.

Suas ações ficaram atrás de rivais como a Shell e a Exxon Mobil nos últimos anos. A Elliott tem um longo histórico de assumir participações e pressionar por mudanças nas empresas de energia, incluindo campanhas na NRG Energy e na produtora de petróleo canadense Suncor Energy.

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