Bloomberg — A Shein considera a possibilidade de mudar sua oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) para Londres em vez de Nova York devido a obstáculos para a listagem nos Estados Unidos, segundo pessoas com conhecimento do assunto que falaram à Bloomberg News.
A Shein, que foi fundada na China, mas agora tem sede em Singapura, está nos estágios iniciais de exploração da opção de Londres, pois julgou improvável que a Securities and Exchange Commission (SEC) dos EUA aprove seu IPO, disseram as pessoas, pedindo para não serem identificadas pelo fato de as informações serem confidenciais.
A Shein ainda trabalha no registro para a listagem nos EUA - seu mercado preferido, disseram as pessoas. Se decidir mudar para Londres ou outro lugar, a empresa de fast fashion precisaria apresentar uma nova solicitação de listagem no exterior aos reguladores chineses, acrescentaram as fontes. Outros locais, incluindo Hong Kong ou Singapura, também podem ser considerados, disseram duas das pessoas.
Um representante da Shein se recusou a comentar.
Londres: oportunidade rara
Uma listagem em Londres seria um potencial benefício para esse mercado em dificuldades, após um dos piores anos para IPOs em sua história moderna. Cerca de US$ 1 bilhão foi levantado no Reino Unido via IPOs no ano passado, o menor nível em décadas, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
O Reino Unido também luta para conter uma saída de empresas para os EUA e outros lugares. A fabricante de chips Arm Holdings rejeitou Londres para um IPO e escolheu a Nasdaq, em Nova York, no ano passado, mesmo depois que o governo do Reino Unido pressionou por uma listagem doméstica para a empresa com sede em Cambridge, na Inglaterra.
Empresas já listadas estão migrando para o exterior, com os acionistas da TUI votando neste mês para sair da Bolsa de Londres e transferir a negociação principalmente para a Alemanha.
“Listar na LSE [London Stock Exchange] é um compromisso de curto prazo tomado pela Shein para priorizar a certeza sobre o valuation e a liquidez”, disse Ke Yan, chefe de pesquisa da DZT Research em Singapura.
Questionado sobre se a possível mudança da Shein pode incentivar as empresas chinesas a se listarem em Londres, ele disse: “A resposta curta é ‘Não’”, dado que o mercado é muito menor do que o dos EUA, além das bolsas de Hong Kong e da China.
Pequeno e raro
Os IPOs de empresas chinesas nos EUA têm sido em sua maioria pequenos e raros nos anos desde que a DiDi Global foi retirada do mercado em Nova York, como parte de uma repressão do governo que essencialmente fechou o mercado para vendas de ações de empresas chinesas pela primeira vez.
A oferta de US$ 1,6 bilhão da Amer Sports em fevereiro foi o maior IPO apoiado pela China a acessar o mercado dos EUA desde que a DiDi levantou US$ 4,4 bilhões em 2021, e a primeira a levantar mais de US$ 200 milhões desde então.
A Shein tem sido alvo de escrutínio nos EUA, com o senador Marco Rubio entre aqueles que pediram à SEC para bloquear sua listagem, dizendo que a empresa precisa divulgar mais sobre suas operações na China.
No ano passado, um membro do Congresso dos EUA pediu uma investigação sobre o fornecimento de algodão da Shein de Xinjiang. As tensões comerciais entre EUA e China também têm sido uma questão há anos.
“Empresas intimamente ligadas à China encontrarão um quadro mais desafiador para cumprir os requisitos dos EUA em relação à transparência e em como satisfazer simultaneamente os reguladores chineses”, disse Gary Ng, economista sênior do Natixis em Hong Kong.
“Haverá mais tentativas de encontrar alternativas, e o caso da Shein pode servir como um teste”, disse ele. “Se o sentimento em Hong Kong melhorar eventualmente, pode ainda ser a melhor e mais fácil escolha.”
Um pioneiro do chamado ultra fast fashion com itens como camisas e maiôs por valores tão baixos quanto US$ 2, a Shein apresentou no ano passado um pedido de IPO nos EUA com o objetivo de alcançar um valuation de US$ 80 bilhões a US$ 90 bilhões, disseram pessoas familiarizadas com o assunto na época. As negociações privadas no final de 2023 avaliaram a empresa muito menos, em cerca de US$ 50 bilhões.
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