Schneider Electric destitui o CEO e cita divergências em estratégia com o conselho

Gigante francesa de equipamentos e software de gerenciamento de energia nomeou Olivier Blum para suceder Peter Herweck, que ficou um ano e meio no cargo; ações estão em valor recorde

The Schneider Electric SE stand at the Enlit energy conference in Cape Town, South Africa, on Tuesday, May 16, 2023. Africa’s most industrialized economy has been dogged by rotating blackouts since 2008. Photographer: Dwayne Senior/Bloomberg
Por Vidya Root - Francois de Beaupuy
04 de Novembro, 2024 | 11:33 AM

Bloomberg — A Schneider Electric destituiu inesperadamente seu CEO, Peter Herweck, após apenas um ano e meio no cargo, citando divergências com o conselho de administração sobre a direção estratégica da gigante francesa de equipamentos e software de gerenciamento de energia.

A empresa informou em um comunicado nesta segunda-feira (4) que seu conselho substituiu Herweck pelo veterano do grupo Olivier Blum, com efeito imediato.

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O conselho é liderado pelo presidente Jean-Pascal Tricoire, que transformou a Schneider em uma das maiores empresas da França, com um valor de mercado de 137 bilhões de euros (cerca de US$ 150 bilhões), por meio de uma série de M&As durante seus 17 anos como CEO.

A mudança no topo ocorre em um momento em que a Schneider tem enfrentado restrições de fornecimento devido a um período prolongado de alta demanda que atingiu o crescimento de suas vendas na América do Norte, particularmente no mercado de edifícios residenciais nos Estados Unidos.

Ainda assim, a Schneider reiterou na semana passada suas metas financeiras para o ano inteiro.

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Recentemente, suas ações atingiram um recorde de alta devido ao aumento da demanda por transformadores, inversores, sensores, medidores, software e sistemas.

Esse movimento, por sua vez, tem sido estimulado pelo boom de data centers que atendem ou vão atender a expansão de IA (Inteligência Artificial) e por políticas governamentais que incentivam empresas e residências a substituir combustíveis fósseis por eletricidade.

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As ações da empresa, que caíram até 2% na abertura na Bolsa de Paris na segunda-feira, ainda estão em alta de 31% neste ano.

O novo CEO, Blum, 54 anos, é membro do Comitê Executivo da empresa desde 2014. Antes de sua função atual como líder de tecnologia e operações do maior negócio da Schneider Electric, ele ocupou uma ampla gama de cargos no grupo.

Blum, que está na Schneider há mais de 30 anos, esteve em posições importantes na empresa, inclusive como country head da Índia e líder de estratégia e negócios na China.

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Herweck, que ingressou na Schneider em 2016, assumiu o cargo mais alto no início de 2023 em substituição a Jean-Pascal Tricoire, atuava como CEO desde 2006.

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A mudança corporativa ocorre poucos dias depois que o grupo foi uma das empresas multadas pelos reguladores antitruste franceses por causa de um alegado pacto de fixação de preços.

Em 30 de outubro, a Schneider, a Legrand e os distribuidores Rexel e Sonepar foram multados em um total de 470 milhões de euros (US$ 512 milhões) pelos órgãos reguladores franceses.

A autoridade de concorrência francesa disse que os dois fabricantes conspiraram de 2012 a 2018 com os distribuidores para fixar os preços de equipamentos elétricos de baixa tensão por meio de um mecanismo especial de acordo de preços.

A Schneider foi atingida com a penalidade mais pesada de 207 milhões de euros. Todas as empresas disseram em declarações que discordam do raciocínio da autoridade de concorrência e podem recorrer.

A Schneider não fez nenhuma referência ao caso de fixação de preços em sua declaração de nomeação do CEO na segunda-feira.

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