Empresa saudita compra 10% da Telefónica, dona da Vivo, por US$ 2,25 bilhões

Aquisição feita pela Saudi Telecom deve atrair o escrutínio do governo espanhol pela importância estratégica da Telefónica para a defesa e a segurança do país

Saudi Telecom paga US$ 2,25 bilhões para deter quase 10% da Telefónica na Espanha
Por Rodrigo Orihuela
06 de Setembro, 2023 | 04:48 AM

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Bloomberg — A Saudi Telecom vai adquirir uma participação de quase 10% na Telefónica da Espanha por cerca de US$ 2,25 bilhões, um movimento que se ajusta à definição de uma nova estratégia de crescimento traçada pela operadora com sede em Madri e que controla no Brasil a Vivo (VIVT3).

A telecom controlada pelo governo saudita comprou cerca de 569,3 milhões de ações e vai usar instrumentos financeiros que, uma vez a operação seja aprovada pelos órgãos reguladores, lhe darão uma participação total de 9,9% na Telefônica, segundo um documento publicado na terça-feira (5).

A transação foi financiada com uma combinação de recursos próprios da empresa e dívida bancária. Os ADRs (American Depositary Receipts) da Telefónica subiram 2,05% na terça em Nova York.

A aquisição certamente atrairá o escrutínio do governo espanhol, que considera a Telefónica uma empresa de importância estratégica, operando uma infraestrutura que é fundamental para a defesa e a segurança do país.

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As aquisições de participações superiores a 5% podem exigir a aprovação do gabinete do país. Há muito tempo, a operadora conta com dois bancos espanhóis, o CaixaBank e o Banco Bilbao Vizcaya Argentaria (BBVA), como seus investidores-âncora, que, juntos, detêm menos de 10% da empresa.

A Saudi Telecom deixou claro em um comunicado que não planeja obter o controle ou assumir uma participação majoritária na Telefónica.

“Vemos isso como uma oportunidade de investimento atraente para usar nosso forte balanço patrimonial e, ao mesmo tempo, manter nossa política de dividendos”, disse.

A abordagem da STC foi “amigável” e o comprador apoia “a equipe de gestão, a estratégia da Telefónica e a capacidade de criar valor”, disse a operadora espanhola.

A aquisição ocorre no momento em que o presidente executivo da Telefônica, Jose Maria Alvarez-Pallete, se prepara para apresentar uma nova visão e estratégia para a empresa em uma reunião em novembro, o primeiro dia de mercado de capitais da empresa em mais de uma década.

Pallete, que ocupa o cargo principal desde abril de 2016, há anos tem lutado para atrair investidores e aumentar significativamente os lucros na Espanha, o maior mercado da empresa. As ações caíram cerca de 60% desde que ele assumiu o cargo.

A participação da Saudi Telecom também ressalta a crescente influência das operadoras do Oriente Médio na Europa.

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O Emirates Telecommunications Group, de Abu Dhabi, tornou-se o maior acionista da Vodafone e concordou em pagar US$ 2,4 bilhões por uma participação de controle em alguns dos ativos do PPF Telecom Group na Europa Oriental - parte de um mandato do governo para buscar negócios de oportunidade.

A Saudi Telecom é 64% de propriedade do fundo soberano saudita, presidido pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman.

A empresa é a maior de telecomunicações do Oriente Médio e tem procurado diversificar suas operações nos últimos anos. Para isso, criou uma nova unidade de operações de torres, desmembrou seus negócios de data center e serviços de Internet e está desenvolvendo um banco digital, o STC Pay.

No início deste ano, a empresa anunciou a aquisição de um portfólio de ativos de telecomunicações na Europa Oriental em um negócio avaliado em cerca de US$ 1,3 bilhão. No ano passado, investiu em torres no Paquistão.

A Telefónica também opera no Reino Unido, na Alemanha e nos principais mercados da América Latina. Nos últimos anos, vem promovendo uma forte mudança para expandir os serviços de tecnologia para os clientes, bem como investimentos em infraestrutura de telecomunicações. No início de 2023, a Telefonica e a Saudi Telecom firmaram uma parceria, concordando em explorar oportunidades de negócios conjuntos em áreas como segurança cibernética e serviços em nuvem.

- Com a colaboração de Matthew Martin.

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