Bloomberg Línea — O Santander Brasil (SANB11) abriu nesta quarta-feira (25) a temporada de resultados do setor financeiro do Brasil referentes ao terceiro trimestre, indicando a estabilização dos níveis de inadimplência como um dos principais motes entre as maiores instituições de crédito do país.
Desde o final de 2021, diante do aperto monetário para conter a inflação, os bancos brasileiros vinham com a performance afetada pelos atrasos dos clientes no pagamento de empréstimos.
Com forte atuação no varejo bancário, a filial do banco espanhol e o Bradesco (BBDC4) eram avaliados pelos analistas como os mais vulneráveis à onda de inadimplência, que dá seus primeiros sinais de refluxo depois de o setor financeiro ter se tornado mais seletivo na emissão principalmente de cartões de crédito para pessoas físicas sem vínculo anterior com simples cadastro em aplicativos na internet.
Entre julho e setembro, os indicadores de atraso apresentam variações negativas: o índice de inadimplência superior a 90 dias atingiu 3% em setembro, queda de 0,3 ponto percentual no trimestre e estabilidade no ano. Houve uma melhora relevante em pessoa física, que declinou 0,5 ponto percentual no trimestre e se manteve estável no ano.
Em pessoa jurídica, o índice caiu 0,1 ponto percentual no trimestre por PME (pequenas e médias empresas) e ficou estável no ano, segundo o banco.
A melhora da qualidade da carteira de crédito foi resultado, segundo o Santander, de esforços de seletividade de clientes com maior rigor na concessão de empréstimos.
Além do sinal de controle da inadimplência, o banco divulgou um aumento de 18% no lucro líquido na comparação trimestral, para R$ 2,7 bilhões. O retorno sobre o patrimônio médio (ROAE), que mede a rentabilidade, ficou em 13,1% no terceiro trimestre, alta de 1,9 ponto percentual em relação ao período de abril a junho.
A margem financeira do Santander Brasil apresentou, no entanto, queda de 1,2% em três meses, atingindo R$ 13,4 bilhões, com recuo de 1,3% na margem com clientes. Uma das justificativas do banco é a mudança de mix, com foco em produtos com garantias e clientes com menor perfil de risco.
As receitas com cartões cresceram 3,2% no trimestre, totalizando R$ 1,4 bilhão. “Seguimos com a estratégia seletiva focada em clientes com melhor perfil de risco e avançando no segmento de alta renda, com crescimento de 25% no ano na carteira de cartões para esse perfil de cliente”, destacou o relatório de resultados do Santander.
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