Santander: alta das units é passo natural, diz CEO. Falta convencer o mercado

Mario Leão se disse descontente com o valor dos papéis, com queda de 5% em 12 meses, mas trabalha com expectativa de recuperação com a evolução nos resultados

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Bloomberg Línea — O CEO do Santander Brasil (SANB11), Mario Leão, disse estar descontente com o desempenho das units do banco negociadas na B3, mas indicou esperar uma recuperação do preço dos papéis no futuro, diante das tendências positivas apresentadas pelo mais recente resultado trimestral.

O balanço do segundo trimestre, divulgado mais cedo, trouxe um crescimento anual (44,3%) do lucro líquido recorrente (R$ 3,3 bilhões) e um aumento de 1,4 ponto percentual no indicador de rentabilidade (15,5%), como reflexo do maior volume de crédito concedido no período, além de índices de inadimplência sob controle.

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As units acumulavam queda de 12,5% em 2024 e de cerca de 5% em 12 meses até o fechamento de ontem (23). Esse desempenho negativo fica aquém do Ibovespa (queda de 5,6% e alta de 5%, respectivamente) nas mesmas bases de comparação. Hoje, o papel fechou cotado a R$ 28,41, com alta de 0,35%.

“Não direciono a gestão para um determinado preço da ação, mas também não estou contente com o atual patamar. Espero que o preço convirja. A recuperação da ação vai acontecer. Dizer quando é futurologia. A bolsa como um todo tem se depreciado”, afirmou o CEO a jornalistas nesta quarta.

O executivo falou sobre a evolução das principais métricas da instituição financeira no primeiro semestre, resultado do trabalho nos últimos anos para conter os atrasos de pagamentos dos clientes diante de um cenário macroeconômico desfavorável com inflação e juros elevados.

“Nossa capacidade de reação, de mexer neste transatlântico de forma ágil, evoluiu muito em três anos. Conectamos isso com a tecnologia que temos agora. Hoje levamos um par de semanas para implementar uma mudança”, exemplificou Leão sobre decisões como aumento ou redução de limite de crédito de clientes.

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No primeiro trimestre, o Santander Brasil já havia interrompido uma sequência de sete trimestres consecutivos com o lucro abaixo da marca de R$ 3 bilhões devido às maiores provisões. Hoje o CEO disse a analistas que o banco tem entregado balanços “mais sólidos e consistentes”.

“Nosso negócio não é linear, mas, com as alavancas certas, vamos buscar crescimento com rentabilidade, evitando uma visão de curto prazo”, resumiu o CEO, que apontou ciclos positivos para produtos como cartões de crédito, empréstimo consignado, financiamentos de veículos e imóveis.

A visão do sell side

Para o analista Rafael Reis, do BB Investimentos, o desempenho das units do Santander Brasil predominantemente abaixo do Ibovespa nos últimos 12 meses reflete alguma desconfiança dos investidores sobre a manutenção ou não dos sinais positivos emitidos pelos seus últimos resultados.

“Apesar do momento de clara recuperação de rentabilidade, ainda capturamos certo ceticismo do mercado para com a velocidade e a consistência do movimento”, escreveu o profissional em relatório enviado aos clientes.

Reis avaliou que o ciclo de melhoria operacional do Santander tem espaço para continuar se materializando, mesmo que de forma paulatina, e que o resultado do segundo trimestre apontou uma expansão do conjunto de melhorias evidentes desde o final de 2023.

“Outro ponto que deve estar impedindo a ação de performar de forma mais condizente com sua retomada operacional é o fato de existirem pares que prometem um crescimento muito mais acelerado (caso de BTG, Inter e Nubank), e também pares que já se encontram com rentabilidade em ‘voo de cruzeiro’ (caso de Itaú), sendo que o Santander não parece atender, sob a ótica dos investidores, muito bem a nenhuma dessas teses”, disse Reis.

O BB Investimentos elevou o preço-alvo de R$ 34,70 para R$ 36,20 para o final de 2025 e manteve a recomendação de compra para as units, mas fez uma ressalva: “graças às incertezas quanto à velocidade da extensão das melhorias esperadas, bem como do ambiente macro, que se mostra incrementalmente sensível ao longo do ano, qualificamos como uma compra de alto risco”.

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Já o analista Pedro Leduc, do Itaú BBA, também manteve a recomendação outperform (desempenho acima do mercado) para os papéis do Santander, com preço-alvo de R$ 33 (2024). Em relatório, ele destacou que a rentabilidade medida pelo ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) do banco, de 15,5%, começou finalmente a mostrar sinais de melhoria estrutural, “provavelmente com dias melhores pela frente”.

“Notamos uma aceleração significativa na base de captação (3% no comparativo trimestral), impulsionada por um aumento de 6% nos depósitos a prazo, um aumento de 5% nos depósitos à vista e um aumento de 2% na poupança”, escreveu Leduc.

O analista do Itaú BBA destacou ainda o índice de eficiência do Santander Brasil, que foi de 39,3% no segundo trimestre, o melhor resultado em 12 meses. Ele também avaliou que há um quadro mais benigno na qualidade de crédito. “A carteira de crédito renegociada diminuiu sequencialmente para R$ 30,3 bilhões, de R$ 31,7 bilhões no primeiro trimestre deste ano”, observou Leduc.

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