Samarco planeja investir US$ 1 bi para retomar produção após acordo por Mariana

Em entrevista à Bloomberg News, o CEO Rodrigo Vilela e executivos da empresa dizem que esperam produzir 15 milhões de toneladas de pelotas de minério de ferro em 2025

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Bloomberg — A Samarco planeja investir mais de US$ 1 bilhão para retornar suas operações de minério de ferro à capacidade total até janeiro de 2028 — uma data que marca mais de 12 anos desde que o trabalho foi paralisado devido ao rompimento da barragem de rejeitos do Fundão, em Mariana, Minas Gerais.

A informação foi divulgada por alguns dos principais executivos da empresa, incluindo o CEO Rodrigo Vilela, em entrevista à Bloomberg News. O orçamento exato será confirmado no próximo ano.

A mineradora é uma joint venture brasileira entre a Vale (VALE3) e a BHP. As operações foram inicialmente interrompidas em novembro de 2015 após o desastre da barragem, com a retomada parcial ocorrendo apenas cinco anos depois.

Desde então, a Samarco já investiu cerca de US$ 260 milhões para reiniciar a planta localizada no município de Mariana.

Nesta segunda-feira (16), o local atingiu o marco de operar a 60% da sua capacidade. As operações estão sendo retomadas em uma segunda unidade de concentração e em uma nova planta de filtragem de rejeitos.

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No início deste ano, a Vale e a BHP assinaram um acordo de R$ 170 bilhões (US$ 28 bilhões) com o governo pelo desastre da barragem, o maior já registrado no mundo, segundo a Advocacia-Geral da União (AGU).

O rompimento da barragem liberou uma enxurrada de rejeitos que matou 19 pessoas e contaminou rios em Minas Gerais e no Espírito Santo. As consequências do desastre perseguiram as duas empresas por anos, mas o acordo ajudou a reduzir significativamente os entraves legais.

A Samarco espera produzir 15 milhões de toneladas de pelotas de minério de ferro em 2025, recuperando sua posição entre os três maiores exportadores globais do insumo siderúrgico, junto à LKAB e à Vale, maior produtora do mundo.

Este volume se compara às aproximadamente 9 milhões de toneladas previstas para este ano, com a produção sendo enviada para siderúrgicas no Japão, Europa, Oriente Médio e Américas.

A empresa também trabalha no fechamento da barragem de Germano até 2026, última do complexo minerário, segundo Vilela.

O encerramento estava originalmente programado para 2029. O plano, avaliado em US$ 580 milhões, trará mais segurança para as operações, que agora utilizam rejeitos filtrados e empilhados a seco.

Vilela afirmou que o primeiro trimestre de 2025 será “indubitavelmente” mais desafiador para os preços do minério de ferro do que o atual.

A desaceleração da economia chinesa e margens mais apertadas reduziram os prêmios pagos por clientes para pelotas de maior qualidade.

A estratégia da Samarco para manter sua fatia de mercado é melhorar a eficiência e reduzir custos, além de ter flexibilidade para se adaptar às demandas de produtos das siderúrgicas.

A Samarco, que está em recuperação judicial, registrou queda de 20% na receita líquida no terceiro trimestre em relação ao ano anterior, impactada por preços mais baixos de minério de ferro e vendas mais fracas de pelotas.

Apesar do cenário desafiador, o diretor financeiro Gustavo Selayzim garantiu que não há risco para as contribuições da empresa ao acordo firmado com o Brasil. Desde a retomada das operações, a empresa gerou “um excedente de caixa de mais de US$ 2 bilhões”, disse ele.

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