Saída repentina de Ferreira Junior como CEO da Eletrobras intriga investidores

Eventual tensão entre o então presidente-executivo e o conselho de administração poderia ser uma das razões por trás da decisão de renúncia, avalia analista do Citi

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Bloomberg — O diretor-presidente (CEO) da Eletrobras renunciou ao cargo de forma inesperada na noite de segunda-feira (14), em uma decisão que intrigou investidores da companhia.

Wilson Ferreira Junior apresentou sua renúncia e será substituído por Ivan Monteiro, presidente do conselho da Eletrobras (ELET3, ELET6), de acordo com fato relevante. O documento não dá detalhes sobre o que motivou a renúncia do executivo, mas alguns analistas apontam para crescentes tensões entre Ferreira e o conselho de administração da empresa.

As ações tanto ordinárias como preferenciais da companhia recuavam cerca de 3,5% por volta das 13h15 desta terça-feira, entre as maiores quedas do Ibovespa.

A Eletrobras está entre as companhias que têm “conselhos bastante ativos e exigentes”, escreveu em nota Antonio Junqueira, analista do Citi. “Conselhos muito ativos adicionam uma camada-chave de governança (necessária) às corporações. Também podem adicionar muito atrito”, disse Junqueira.

A Eletrobras não respondeu de imediato a um pedido de comentário sobre os motivos da saída de Ferreira.

O executivo foi elogiado por investidores depois de liderar a Eletrobras por meio de amplos programas de corte de custos quando estava no comando da maior concessionária de energia da América Latina em valor de mercado de 2016 a 2021. Ferreira retornou à Eletrobras depois de o governo vender o controle acionário no ano passado.

O CEO também vinha sofrendo pressão do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que tem questionado a privatização conduzida sob o comando do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Monteiro, que já ocupou cargos de liderança na Petrobras (PETR3, PETR4) e no Banco do Brasil (BBAS3), tem um “currículo de primeira linha” e estava à frente do conselho, o que deve ajudá-lo na nova função, segundo o Citi.

A saída de Ferreira “é um obstáculo na estrada”, disse Junqueira, que tem recomendação de compra para a ação da Eletrobras. “O piloto e o carro estão muito bons e vão seguir em frente.”

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