Bloomberg Línea — O Safra mudou de posição e decidiu aderir ao plano de recuperação judicial apresentado pela Americanas, na figura dos principais acionistas, o trio de bilionários formado por Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira. A informação foi confirmada por fontes com acesso às negociações que falaram à Bloomberg Línea sob condição de sigilo neste domingo (17).
A notícia foi publicada inicialmente neste domingo pelo jornalista Lauro Jardim, de O Globo.
O Safra era o último entre os principais credores financeiros do grupo varejista que ainda tinha objeções ao plano apresentado no último dia 27 de novembro, por entender que há pontos que são ilegais. O banco tem a receber R$ 2,5 bilhões da rede varejista.
Nos últimos dias, o Safra tentou a postergação da Assembleia Geral de Credores (AGC) marcada para esta terça-feira (19), mas não obteve sucesso em sua estratégia na Justiça.
Pesou para a decisão de mudança de posição do banco o entendimento - consensual no mercado - de que a Americanas deve obter a votação suficiente para aprovação do seu plano de recuperação judicial em todas as classes de credores.
Segundo apuração da Bloomberg Línea, o Safra continua a defender as posições que apresentou de questionamento ao plano que será submetido à votação, mas não mais na Justiça.
Entre os pontos questionados estão, por exemplo, a ausência da lista atualizada de credores por suposta falta de consenso sobre a data a ser fixada para sujeição dos créditos à recuperação, se 12 ou 19 de janeiro de 2023; dúvidas sobre a participação dos detentores de debêntures da empresa e o peso de seus votos na AGC; e a apuração em curso sobre as responsabilidades na fraude contábil.
O fato relevante com o anúncio do plano e o acerto com alguns dos principais bancos do país, no fim de novembro, confirmou a previsão de um aumento de capital no valor de R$ 12 bilhões pelos acionistas de referência - Lemann, Telles e Sicupira - e de outros R$ 12 bilhões por parte dessas instituições por meio de créditos detidos, totalizando R$ 24 bilhões.
A companhia informou ainda que, após as medidas de reestruturação, a previsão é apresentar uma dívida bruta de R$ 1,875 bilhão. A dívida reconhecida no pedido de recuperação judicial apresentado no começo deste ano de 2023 superava R$ 42 bilhões.
Ficou acertada a destinação de até R$ 8,7 bilhões para credores financeiros, por meio de um leilão reverso (R$ 2 bilhões) ou pagamento antecipado de créditos com descontos - haircut - de até 80% (R$ 6,7 bilhões), segundo o documento apresentado pela Americanas.
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