Bloomberg — Pelo menos duas grandes empresas avaliam a possibilidade de participar de uma eventual privatização da Copasa, a Companhia de Saneamento de Minas Gerais.
Tanto a Sabesp quanto a Aegea mantiveram conversas com a empresa nos últimos meses, de acordo com pessoas com conhecimento do assunto que falaram com a Bloomberg News.
O interesse delas está alinhado com o desejo do governo estadual de Minas Gerais de ter um acionista estratégico com expertise na área, e não apenas um operador financeiro, disseram as pessoas, acrescentando que o estado quer fechar um acordo neste ano.
As ações da Copasa chegaram a saltar 5%. Os papéis da Sabesp (SBSP3) ampliaram a alta e subiam perto de 1,50% próximo ao horário de fechamento da bolsa, às 17h.
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A Copasa, a Sabesp e a Aegea declinaram comentar. O governo de Minas Gerais não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
A própria Sabesp foi privatizada no ano passado, quando a Equatorial comprou uma participação na maior concessionária de água do Brasil em um leilão no valor de cerca de R$ 7 bilhões.
A privatização da Sabesp em São Paulo é vista como um modelo para uma possível oferta da Copasa. A empresa espera que o setor de utilities - serviços públicos - siga interessante, apesar dos juros de dois dígitos e das incertezas em torno das tarifas do presidente Donald Trump, que têm abalado os mercados.
O governo de Minas Gerais considera deixar a própria Copasa conduzir o negócio, de acordo com uma das pessoas. Na Sabesp, o governo do estado de São Paulo liderou as negociações.
No caso da Sabesp, a privatização acabou com apenas um interessado na hora das propostas, diante da desistência da Aegea no “último minuto” em razão de incompatibilidade com as regras da transação. A empresa espera não ter o mesmo problema desta vez, disse uma das pessoas.
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O governo de Minas Gerais, sob a liderança de Romeu Zema, planeja privatizar a Copasa e a empresa de energia, a Cemig. Resistências políticas, porém, têm atrasado o processo.
A Assembleia Legislativa de Minas Gerais precisa aprovar o projeto de lei de privatização que já foi submetido e que fixa que nenhum grupo de acionistas tenha mais de 20% do poder de voto e que o governo mantenha a chamada golden share.
O governo Zema quer manter cerca de 10% da Copasa, de acordo com uma das pessoas familiarizadas com o assunto.
Se a aprovação legislativa não ocorrer neste ano, o governo pode não conseguir concluir o acordo antes das eleições de 2026. O estado mirando obter essa aprovação de deputados estaduais no primeiro semestre deste ano para então realizar uma oferta na segunda metade de 2025.
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