Rodadas em startups brasileiras recuam em 2024, mas volume se mantém, aponta TTR

Em semana sem rodadas no país, relatório da TTR Data em parceria com Datasite e Aon faz um balanço do mercado de venture capital no país e em LatAm em venture capital e em M&As no último ano

Vista da marginal Pinheiros em São Paulo: mercado de M&As teve crescimento em volume em 2024 (Foto: Paulo Fridman/Bloomberg)
Por Marcos Bonfim
18 de Janeiro, 2025 | 05:14 AM

Bloomberg Línea — A indústria de venture capital contabilizou 289 rodadas de investimento em startups brasileiras em 2024, contra 389 um ano antes - uma queda de 36,2%. Em volume financeiro, porém, o setor ficou estável no último ano, com apenas 0,35% de perda: o investimento ficou em R$ 17,5 bilhões.

Os dados foram levantados pela plataforma TTR Data, em parceria com Datasite e AON. Em relatório anual, a consultoria reuniu dados do mercado transacional, incluindo M&As, investimentos de gestoras de private equity e fundos de venture capital e ainda aquisições de ativos ou participação (veja mais abaixo).

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Os dados do setor de capital de risco servem para revelar também uma elevada participação de capital estrangeiro nos aportes, responsável pelo desembolso de mais de R$ 15 bilhões, em 168 startups. Os investidores nacionais aportaram R$ 2,45 bilhões em 221 negócios.

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Por essa dinâmica, não somente se percebe um interesse maior do investidor estrangeiro em startups brasileiras mas também em negócios mais consolidados e que demandam capital mais elevado para escalar.

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Foram os casos no ano passado, por exemplo, de startups como a fintech Azaas, que levantou R$ 820 milhões com os fundos BOND, Softbank e 23S, e da Tractian, com captação de R$ 700 milhões, obtidos com as gestoras Sapphire Ventures, General Catalyst, Next47 e NGP Capital.

Mercado de M&As em LatAm

O mercado mais amplo - que vai além de venture capital - de fusões e aquisições (M&A) na América Latina registrou alta em 2024, com 2.904 transações que movimentaram US$ 87,7 bilhões em capital, segundo o mesmo relatório da TTR Data, em parceria com Datasite e AON.

Apesar de uma queda de 16% no número de transações, o volume financeiro cresceu 16% em comparação com 2023, o que indicou uma atenção do mercado para negócios maiores.

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Maior mercado da região, o Brasil sustentou também a posição de liderança quando o assunto é M&A. O país contabilizou 1.674 transações, número 21% menor que um ano antes.

O capital negociado, no entanto, avançou 10% e terminou o período com US$ 47,9 bilhões, o equivalente a R$ 260 bilhões ao câmbio atual. O valor representa mais de 50% do registrado em transações na região.

Deals melhores

O movimento mostra uma retomada no mercado nacional, que amargou quedas consecutivas em 2022 e 2023. “Isso sinaliza confiança renovada dos investidores, foco em transações de alto valor e um mercado em maturação”, afirmou Wagner Rodrigues, diretor de Research and Business Intelligence (RBI) da TTR Data.

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O Chile ficou com o segundo lugar no ranking de M&As, somando 367 transações (queda de 10%) e US$ 13,3 bilhões em capital mobilizado (redução de 9%). Na posição subsequente, o México fechou com 359 transações (queda de 7%), mas alta de 22% em recursos, chegando a US$ 17 bilhões.

Com um ambiente de incipiente melhora econômica, aumento da confiança e com investidores cada vez mais atentos às decisões do governo do presidente Xavier Milei, a Argentina apareceu como um dos destaques no relatório da TTR Data.

O país combinou a quantidade maior de transações com o aumento do capital desembolsado para negócios. Os números de M&As aumentaram em 7%, com 237, e o fluxo de recursos mobilizados avançou 246%, para US$ 8,8 bilhões. O montante é equivalente a 10,07% do total da região.

O mercado brasileiro

Do total de 1.674 transações brasileiras, o estudo informa que 83% já estão concluídas.

O setor de internet, software e serviços de IT foi o mais ativo e acumulou com 294 transações. Apesar da posição, o número representa uma retração de 6% em comparação com 2023. Em segundo lugar, apareceu o real estate, com 194 operações e queda de 18% no volume dos deals.

Entre as modalidades de negócios, a divisão de private equity fechou 105 transações, somando R$ 26,9 bilhões. A área de Asset Acquisitions ficou com 288 transações e movimentou R$ 62,7 bilhões em 2024.

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Marcos Bonfim

Marcos Bonfim

Jornalista brasileiro especializado na cobertura de startups, inovação e tecnologia. Formado em jornalismo pela PUC-SP e com pós em Política e Relações Internacionais pela FESPSP, acumula passagens por veículos como Exame, UOL, Meio & Mensagem e Propmark