Roche compra empresa que desenvolve concorrente do Wegovy por US$ 3,1 bilhões

Gigante farmacêutica fez acordo para adquirir a Carmot Therapeutics, da Califórnia, de olho em mercado de medicamentos para perda de peso

Por

Bloomberg — A Roche concordou em pagar até US$ 3,1 bilhões pela Carmot Therapeutics, empresa que desenvolve de um novo tipo de tratamento para perda de peso que desencadeou uma corrida do ouro na indústria farmacêutica.

O acordo inclui a aquisição dos projetos de três medicamentos experimentais em obesidade e diabetes pode levar a empresa farmacêutica suíça a competir com a rival europeia Novo Nordisk, cujo remédio Wegovy impulsionou o crescimento da empresa dinamarquesa, tornando-a a mais valiosa da Europa.

A Roche, que está sob pressão para melhorar seu pipeline com novos medicamentos, concordou em pagar inicialmente US$ 2,7 bilhões pela Carmot, uma empresa de capital fechado, e até US$ 400 milhões caso a empresa alcance as metas, afirmou em comunicado na segunda-feira (4).

Embora os medicamentos da Carmot ainda estejam em estágios iniciais de desenvolvimento, o acordo poderia resultar em um concorrente para produtos como Wegovy, da Novo Nordisk, e Zepbound, da Eli Lilly, que impulsionam o crescimento de um mercado de perda de peso estimado em atingir US$ 100 bilhões até o final da década.

A Roche foi uma das primeiras empresas farmacêuticas a trabalhar em um tratamento da classe GLP-1 — uma categoria que poderia impulsionar alguns dos maiores sucessos de todos os tempos —, mas interrompeu o desenvolvimento do medicamento experimental há mais de uma década, depois que pacientes abandonaram um estudo devido a efeitos colaterais como náuseas.

Concorrência

O mercado está mais concorrido agora, com a Pfizer trabalhando em um comprimido para perda de peso e a AstraZeneca assinando um acordo de licenciamento com a desenvolvedora de medicamentos chinesa Eccogene para outro medicamento.

As ações da Roche subiram até 2,2% nas negociações em Zurique. Os papéis da empresa estão entre as ações europeias de pior desempenho este ano.

O valor de mercado da Eli Lilly agora ultrapassa meio trilhão de dólares com base nas esperanças em seu medicamento, enquanto a Novo Nordisk está logo atrás. As ações da Roche caíram mais de 15% este ano, dando-lhe um valor de cerca de US$ 228 bilhões.

O medicamento experimental principal da Carmot é uma injeção semanal que está pronta para entrar na segunda de três fases de testes clínicos, o que significa que ainda está a alguns anos de chegar aos pacientes. Mas dados existentes “sugerem um potencial de melhor classe para alcançar e manter a perda de peso com eficácia diferenciada”, de acordo com a Roche.

Massa muscular

Um dos outros dois tratamentos é um comprimido, que as empresas farmacêuticas veem como a próxima fronteira para tratamentos de obesidade por ser mais fácil de tomar.

Os ativos poderiam se combinar com outro medicamento experimental da Roche que preserva a massa muscular, solucionando uma das consequências dos tratamentos existentes. O trio também poderia ter potencial em outras indicações, como doenças cardíacas, afirmou a Roche.

A Carmot estava avaliando uma oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês), segundo pessoas com conhecimento do assunto disseram em setembro.

Os investidores da Carmot incluem a Horizons Ventures, o braço de investimento privado do magnata Li Ka-shing, a pessoa mais rica de Hong Kong, de acordo com o Bloomberg Billionaires Index.

A empresa liderou conjuntamente uma rodada de financiamento de US$ 15 milhões para a Carmot em 2018, junto do fundo de capital de risco em saúde The Column Group.

A Roche tem buscado fortalecer seu pipeline à medida que os ganhos com tratamentos e equipamentos de teste durante a pandemia chegam ao fim. O acordo segue a concordância da Roche em pagar US$ 7,1 bilhões pela Telavant Holdings, desenvolvedora de uma terapia promissora para doença inflamatória intestinal.

Após a conclusão final da aquisição, a Roche obterá todos os ativos clínicos e pré-clínicos da Carmot, sediada em Berkeley, Califórnia. A transação deve ser concluída no primeiro trimestre de 2024.

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também

Spotify faz terceira demissão no ano e corta 1.500 empregos, 17% da equipe

Viveka Kaitila, da GE, deixará o comando da empresa no Brasil após o fim do ano