Bloomberg — A Rio Tinto planeja investir US$ 2,5 bilhões em uma nova mina de lítio na Argentina, em uma vitória dos esforços do presidente Javier Milei para desregulamentar a economia do país e atrair investimentos estrangeiros.
A empresa britânica planeja construir uma usina de processamento na mina Rincon com uma capacidade anual de 60 mil toneladas métricas de carbonato de lítio, informou na quinta-feira (12) em um comunicado. O trabalho na instalação, sujeito a autorização, começará em meados do próximo ano.
Leia também: Por que a Rio Tinto decidiu apostar contra a China no mercado de lítio
Após a eleição de Milei há pouco mais de um ano, os legisladores argentinos aprovaram seu principal programa de incentivos, conhecido pela sigla em espanhol RIGI, que inclui benefícios fiscais, cambiais e comerciais para energia e mineração. As medidas estão aprovadas em lei para os próximos 30 anos.
“Esse é um exemplo do que deve ser incluído no RIGI”, disse em uma entrevista o CEO da Rio Tinto, Jakob Stausholm, que se reunirá com Milei na sexta-feira (13) na Itália. O pacote do investidor “não dá garantias, mas oferece muito mais proteção. É muito inteligente que a Argentina tenha implementado isso”.
Leia também: Argentina mira energia nuclear com uso de lítio. Mas crise econômica é um entrave
Aposta no lítio
A Rio Tinto tem apontado o lítio como pedra angular de seu portfólio de commodities, e o investimento na Argentina - o produtor de metal para baterias que mais cresce no mundo - segue seu acordo em outubro para comprar a mineradora americana Arcadium Lithium por cerca de US$ 6,7 bilhões. A empresa também está analisando oportunidades no Chile e quer construir a maior mina de lítio da Europa na Sérvia.
A decisão de investimento na Rincon foi tomada apesar de uma retração nos preços do lítio, com os estoques se acumulando em meio a uma perspectiva mais sombria para a demanda de veículos elétricos.
Leia também: Rio Tinto aumenta a aposta em lítio com aquisição de US$ 6,7 bilhões
Isso levou as mineradoras da Argentina, incluindo a Arcadium, a desacelerar seus planos de expansão. Stausholm disse que a Rio Tinto quer reverter a tendência e acelerar os projetos da Arcadium, enquanto a produção extra da Rincon está programada para chegar ao mercado em 2028.
Atração internacional
Rincon está localizado nas salinas andinas da Argentina, parte do “triângulo do lítio” da América do Sul, que abriga mais da metade dos recursos globais.
A Rio Tinto adquiriu o ativo há mais de dois anos por cerca de US$ 800 milhões e recentemente começou a operar uma produção de 3 mil toneladas no local. Rincon se tornará um dos primeiros projetos em escala comercial a usar os chamados métodos de extração direta, considerados mais amigáveis ao meio ambiente.
Leia também: Como a indústria do petróleo pode mudar o jogo e acelerar a extração de lítio
Este ano, empresas como a francesa Eramet e a sul-coreana Posco colocaram em operação minas de lítio na Argentina, algumas das primeiras novas capacidades do país em quase uma década.
Os investidores internacionais também estão tentando escavar os primeiros grandes poços de cobre da Argentina. A Rio Tinto está exposta às riquezas de cobre do país por meio de uma participação detida por seu empreendimento Nuton em Los Azules, que recentemente passou por uma etapa importante de licenciamento e agora precisa levantar fundos para construir a mina.
Leia também: O potencial do lítio na Argentina e os maiores desafios após a queda dos preços em 2023
"Estamos igualmente interessados no cobre da Argentina e não nos importaríamos de fazer mais", disse Stausholm. "Mas já somos um grande investidor em Los Azules, portanto, vamos nos certificar de que as coisas sejam feitas lá da mesma forma que planejamos."
--Com a colaboração de Thomas Biesheuvel.
Veja mais em Bloomberg.com
Leia também: Ana Cabral, da Sigma, mantém confiança em lítio ‘verde’ apesar de queda dos preços
© 2024 Bloomberg L.P.