Bloomberg — O grupo Rio Tinto concordou em comprar a Arcadium Lithium em um acordo totalmente em dinheiro, avaliando a mineradora listada nos Estados Unidos em US$ 6,7 bilhões. O negócio é a maior aquisição da Rio Tinto em 17 anos e faz com que a empresa expanda o seu domínio sobre o metal usado em baterias.
A Rio Tinto pagará US$ 5,85 por ação da Arcadium, um prêmio de 90% em relação ao preço de fechamento em 4 de outubro, antes de o grupo confirmar pela primeira vez que havia feito uma abordagem.
As principais mineradoras voltaram a fazer aquisições, mas com cautela, devido a negócios mal planejados durante o último boom dos preços de commodities, que deixaram as empresas e os acionistas tendo que lidar com dolorosas baixas contábeis.
A Rio Tinto tem se mostrado ainda mais hesitante do que outras companhias, como o grupo BHP, que fez uma oferta pela Anglo American no início deste ano. A BHP acabou desistindo do negócio depois que a oferta foi rejeitada.
“A realidade é que a Rio Tinto realmente não cresceu em uma década, mas agora estamos de volta”, disse o CEO, Jakob Stausholm, em uma entrevista por telefone.
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Única grande mineradora diversificada a apostar pesadamente no lítio, a Rio Tinto compra a Arcadium em um momento em que o excesso de oferta do metal e o arrefecimento das vendas de veículos elétricos têm prejudicado as ações dos produtores, apesar do potencial de crescimento à medida que a transição energética se consolida. O preço spot do carbonato de lítio na China caiu mais de 85% em relação ao pico registrado em 2022.
A mineradora começou a considerar mais seriamente as opções no início do ano, analisando "basicamente todos os projetos de lítio ao redor do mundo", disse Stausholm.
“Foi um trabalho enorme, mas o que ficou muito claro para nós foi que gostaríamos de ter exposição a salmouras”, disse ele, acrescentando que a Arcadium produz lítio para baterias a partir de extração direta, uma nova tecnologia que elimina a necessidade de plantas de processamento downstream caras.
Para a Rio Tinto, que tem enfrentado oposição de ativistas em sua mina de lítio Jadar, ainda não desenvolvida, na Sérvia, a Arcadium proporciona um rápido aumento de produção.
‘Preço justo’
Os investidores na mineradora adquirida, formada no início deste ano com a fusão da Allkem e da Livent expressaram publicamente suas preocupações de que a Rio Tinto buscaria se aproveitar dos preços mais baixos, uma vez que as ações caíram aproximadamente pela metade em 2024.
Um investidor, a Blackwattle Investment Partners, disse em uma carta ao conselho que “o momento dessa possível venda não poderia ser em um período mais destrutivo para os acionistas”.
O presidente da Arcadium, Peter Coleman, disse que o acordo deve ajudar a financiar projetos de lítio em salmoura e rocha dura na China, Argentina, Canadá e Austrália, mesmo em mercados difíceis.
Ele escreveu em uma carta que "ao aceitar essa transação proposta por uma empresa maior e mais diversificada, os acionistas podem evitar esses riscos, bem como possíveis atrasos ou contratempos na execução do projeto, em troca de retornos imediatos".
Para a Rio Tinto, com um valor de mercado de US$ 112 bilhões, a Arcadium é vista como um negócio relativamente pequeno. Ainda assim, é um teste para a capacidade de negociação da mineradora em uma nova era de gastos limitados, já que é a maior aquisição desde a compra da Alcan por US$ 38 bilhões, feita totalmente em dinheiro pela Rio Tinto, em 2007. Essa compra, após uma guerra de lances, acabou deixando a Rio Tinto com US$ 29 bilhões em encargos.
"A Alcan, em retrospecto, foi comprada no topo do ciclo", disse Stausholm. "Sentimo-nos bastante confortáveis por não termos comprado uma empresa de lítio no topo do ciclo neste momento. Tivemos que pagar um preço justo, e é isso que estamos pagando."
As ações da Rio Tinto estavam em queda de 0,5%, para £50,17, às 10h12 em Londres. A Arcadium subiu mais de 30% nas negociações pré-mercado nos EUA.
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