Bloomberg Línea — Ricardo Mussa, de 49 anos, renunciou aos cargos na Cosan (CSAN3) e na Raízen (RAIZ4), joint venture do grupo do bilionário Rubens Ometto com a Shell, segundo comunicado enviado pela companhia à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) na noite de sexta-feira (30).
Desde o dia 1º de novembro, ele ocupava o cargo de CEO da Cosan Investimentos e também era conselheiro da holding e da Raízen.
Mussa acumulou 17 anos de atuação como executivo das empresas da Cosan, um dos maiores e mais relevantes grupos empresariais do país. Tinha trabalhado na Raízen por sete anos, sendo cinco deles como CEO.
Procurada pela Bloomberg Línea, a Cosan não forneceu informações adicionais ao conteúdo do comunicado, como o nome do substituto para o cargo de responsável pela Cosan Investimentos. Não houve manifestação do executivo em sua página no LinkedIn.
Rodrigo Araujo, CFO da Cosan, substituirá Mussa como conselheiro na Raízen (até a próxima assembleia geral) e como membro do comitê de responsabilidade social e corporativa da companhia até 28 de julho de 2025.
No último dia 21 de outubro, o grupo de energias renováveis, com atuação também no setor de transporte, logística, derivados de combustíveis e mineração, havia anunciado que seu board tinha aprovado mudanças na liderança na holding e nas subsidiárias.
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A principal alteração foi a saída de Nelson Gomes como CEO da Cosan, sendo substituído por Marcelo Martins, o CSO que havia liderado a estratégia de M&A da Cosan nas últimas duas décadas.
Assinado pelo CFO da Cosan, o comunicado não cita o motivo da renúncia de Mussa. Apenas confirmou o recebimento da renúncia do executivo aos cargos de conselheiro.
“A companhia agradece ao Ricardo Mussa pela dedicação e contribuição que prestou nos 17 anos que atuou como executivo das empresas do Grupo Cosan”, escreveu Araujo no comunicado enviado à CVM.
Mussa foi também vice-presidente-executivo responsável pela logística, trading e distribuição da Raízen, CEO da Cosan Lubrificantes e posteriormente CEO da Moove Lubrificantes.
Antes, ele desempenhou funções em multinacionais como Unilever e Danone, principalmente na área de supply chain, segundo o currículo divulgado.
Rotatividade de executivos
As recentes mudanças de cargos C-level no grupo aprovadas pelo conselho de administração em outubro chegaram a surpreender alguns analistas do sell side, como Bruno Amorim, João Frizo e Guilherme Costa Martins, do Goldman Sachs.
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Eles escreveram em relatório no dia 22 de outubro que o anúncio foi uma “supresa”, dada a magnitude das mudanças em todo o grupo e o fato de que a alta liderança da Cosan havia mudado menos de um ano antes.
Por sua vez, os analistas do BTG Pactual (BPAC11), Thiago Duarte, Pedro Soares e Henrique Pérez, relacionaram a troca de funções ao senso de urgência do grupo para reduzir sua alavancagem em um cenário de juros elevados.
“Já faz algum tempo que esperávamos algo assim. A Cosan tem um longo histórico de rotatividade de altos executivos. Isso permite que diferentes conjuntos de habilidades fossem implantados em vários negócios, mostrando diferentes estágios de maturação e estados de necessidade”, escreveu a equipe do BTG.
Na Raízen, o cargo de CEO, que Mussa ocupou até o final de outubro, foi ocupado por Gomes, que comandava a holding desde o início do ano. Antes, Gomes tinha sido CEO da Compass. Já Rafael Bergman, que era o CFO da Rumo (RAIL3), assumiu a função de CFO da Raízen.
No lugar de Bergman, foi indicado Guilherme Machado, que está no grupo desde 2009 e vinha atuando como CFO na Compass desde o início do ano. As mudanças entraram em vigor no dia 1º de novembro.
As ações da Cosan acumulam uma desvalorização de 47,37% desde o início do ano. A companhia é avaliada na em R$ 19 bilhões na B3.
Na última sexta-feira (29), a CVM e a B3 questionaram a Cosan sobre as últimas oscilações atípicas de suas ações na quinta-feira (-6,13%), na quarta (-2,36%), na terça (-2,05%). A Cosan respondeu que “não houve nenhum ato ou fato relevante” de seu conhecimento para justificar as variações.
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