Bloomberg Línea — A Plano&Plano apresentou nos últimos dias um resultado abaixo do esperado para o quarto trimestre de 2024, mas a administração da companhia segue confiante com o ano que começou.
“Existem algumas flutuações de trimestre a trimestre que não nos preocupam. Foi um fato isolado, que não muda os rumos da companhia”, afirmou João Hopp, vice-presidente executivo e diretor de Relações com Investidores da Plano&Plano, em entrevista à Bloomberg Línea.
A construtora de imóveis voltados para o público de baixa renda informou um lucro de R$ 87,6 milhões no período no balanço divulgado na última quinta-feira (13). O resultado ficou aquém dos R$ 94,9 milhões esperados pelo consenso de analistas consultados pela Bloomberg.
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Hopp destacou a concentração de lançamentos no fim do ano como o principal ponto a pesar contra o resultado. Dos sete empreendimentos lançados no quarto trimestre, cinco foram ao mercado em dezembro.
“É algo que aconteceu por motivos de aprovação com o poder público. Isso significa que tivemos menos vendas que o esperado no mês pela falta de tempo”, disse.
No acumulado de 2024, a Plano&Plano (PLPL3) registrou lucro recorde de R$ 343,8 milhões, pouco abaixo dos R$ 356,6 milhões esperados pelos analistas no consenso da Bloomberg.
A companhia realizou 30 lançamentos ao longo do ano, com impulso dos programas habitacionais Minha Casa, Minha Vida (MCMV) e do municipal Pode Entrar, da cidade de São Paulo. Foram R$ 3,86 bilhões em valor geral de vendas (VGV), uma alta de 15,7% em relação a 2023.
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O Pode Entrar representou R$ 500 milhões nos lançamentos do último ano, mas a companhia disse que a estratégia é manter o ritmo de crescimento sem depender do programa municipal.
Diferentemente do MCMV, o Pode Entrar não é um programa recorrente e dependerá de novos editais da prefeitura de São Paulo para contratação de mais unidades.
A Plano&Plano não fornece guidance, mas Hopp reforçou que a companhia pretende acelerar o número de lançamentos em 2025 – mesmo sem o programa municipal. “Ainda vemos forte demanda para este ano na baixa renda. Queremos lançar mais do que em 2024.”

O executivo avalia que a construtora tem um diferencial competitivo importante na faixa 1 do programa, que atende famílias com renda mensal de até R$ 2.640. O governo implementou um benefício tributário para as construtoras nessa faixa, com redução da alíquota no regime especial de tributação (RET) de 4% para 1% em 2024.
A Plano&Plano dedicou 40% de seu banco de terrenos à faixa 1 no ano passado e, em 2025, pretende manter 15% do landbank para essa fatia de renda – a disponibilidade só não será maior, segundo o executivo, por falta de terrenos adequados. A empresa fechou o ano com um landbank de R$ 27,6 bilhões.
“Poucas empresas têm capacidade de engenharia para ter um produto rentável, precificado até R$ 200 mil”, afirmou.
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“Utilizamos o método construtivo de alvenaria estrutural, mais barato que concreto armado ou forma de alumínio. É o que nos permite oferecer um produto mais adequado para a baixa renda.”
A Plano&Plano tem atualmente 80% do portfólio voltado para programas habitacionais, e outros 20% na média renda. Na faixa fora do MCMV, o desafio é maior devido às altas taxas de juros, que encarecem o financiamento imobiliário. “Estamos mais seletivos para a média renda”, disse.
Em seu projeto de expansão, a Plano&Plano tem feito alguns lançamentos na região metropolitana de São Paulo, primeiro pelas cidades de São Bernardo do Campo e Barueri, além de Campinas, no interior do estado.
São os primeiro passo fora da capital paulista desde a crise dos distratos entre 2014 e 2016, quando a companhia deixou de atuar no Nordeste e focou em seu principal mercado: a cidade de São Paulo.
“Estamos estudando, eventualmente, expandir para alguma outra praça no Brasil. Mas ainda é apenas estudo: não temos nenhuma decisão tomada.”
A Plano&Plano fechou 2024 com um pagamento recorde de R$ 200 milhões em dividendos, um payout de 58,2% sustentado pela geração de caixa positiva em R$ 247,9 milhões.
Em 12 meses, as ações da empresa recuam perto de 16,50%.
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