Bloomberg Línea — No contexto dos resultados positivos do varejo farmacêutico em termos de crescimento de vendas e rentabilidade, a RD Saúde (RADL3) aumentou sua projeção (guidance) para a abertura de lojas em 2025, citando sua capacidade financeira para suportar investimentos e de obter pontos comerciais atraentes com expectativas de retorno adequadas. Nesta segunda-feira (2), a companhia realiza seu Investor Day.
A projeção anterior, que era um intervalo entre 280 e 300 inaugurações para o ano que vem, foi revisada para entre 330 e 350, segundo fato relevante publicado na noite da última sexta-feira (29). O guidance para 2024 (entre 280 a 300 de aberturas) foi mantido.
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A RD Saúde alcançou um total de 3.139 farmácias no terceiro trimestre, totalizando 204 aberturas no acumulado do ano. Entre julho e setembro, o grupo inaugurou 72 lojas. Em 12 meses, houve adição de 291 novas unidades.
No quarto trimestre do ano passado, o grupo abriu 87 lojas. A nova projeção divulgada na sexta-feira envolve apenas as chamadas aberturas brutas, sem subtrair total de fechamentos e lojas em maturação.
A companhia considera um período de três anos para a maturação (ramp-up) de uma farmácia. Isso representa o período em que uma unidade inicia suas operações, aumenta volume de vendas, desenvolve clientela, otimiza processos e atinge um alcance estável de desempenho.
Ao justificar a melhora da projeção para 2025, mesmo diante de um cenário esperado de inflação e juros elevados, a RD Saúde pontuou ainda sua capacidade de implantar novas lojas, incluindo sua estrutura de engenharia e a disponibilidade de funcionários dentro do seu plano de carreira para operarem tais lojas.
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Com presença em 610 cidades espalhadas por todos os estados, principalmente em São Paulo (1.278 farmácias), Rio de Janeiro (224) e Paraná (178), a RD registrou um market share nacional de 16% no terceiro trimestre, um incremento de 0,3 ponto percentual, segundo o balanço divulgado no último dia 6 de novembro.
A RD Saúde lidera o varejo farmacêutico do país. O grupo possui cerca de 62,4 mil funcionários. No total, são 1.815 lojas da Drogasil e 1.324 da Raia, além de 14 centros de distribuição (CDs).
A maior participação de mercado contabilizada pela companhia no país é na região Centro Oeste (19%), seguida pelo Sudeste (11,7%), Nordeste (11%), Sul (10,8%) e Norte (9,2%). No Estado de São Paulo, a fatia chega a 28%, crescimento de 0,60 ponto percentual em 12 meses.
Avanço em genéricos e canais digitais
Analistas têm destacado que a companhia tem aumentado sua receita especialmente nas vendas de medicamentos genéricos. Houve avanço anual de 17% nessa categoria no terceiro trimestre. Há ainda um expressivo crescimento (40,2% em 12 meses) do faturamento obtido pelos canais digitais.
“Houve no terceiro trimestre a manutenção da rentabilidade, apesar do ritmo acelerado de expansão e do crescimento de canais digitais, que historicamente possuem margens menores, com a margem bruta vindo acima das nossas expectativas”, avaliou Andréa Aznar, analista do BB Investimentos, em relatório sobre o resultado.
A operação digital da companhia totalizou cerca de R$ 1,9 bilhão no terceiro trimestre, um salto de 40,2% em 12 meses, com 19% de penetração no varejo. O mix de canais digitais inclui principalmente as vendas no aplicativo próprio (75% da receita digital).
Apesar da leitura positiva do balanço, ela manteve a recomendação neutra para a ação com preço-alvo de R$ 32,10 para o final de 2025, ou seja, um potencial de alta (upside) de 31% em relação ao último fechamento.
“Entendemos que a companhia vive um bom momento, com estratégias acertadas e boas perspectivas, mas que o cenário macroeconômico que vislumbramos ainda tende a penalizar papéis do setor de varejo”, escreveu Aznar.
Na sexta-feira (29), o papel caiu 1,53%, cotado a R$ 24,53. As ações da RD Saúde acumulam uma desvalorização de 16,56% desde o início do ano, com a companhia avaliada em R$ 42,1 bilhões.
O varejo farmacêutico tem entregado números de crescimento. A Pague Menos (PGMN3), segunda maior rede de farmácias do país, reverteu prejuízo no terceiro trimestre, reportando um lucro de R$ 53,9 milhões, com a margem líquida atingindo o patamar de 1,5% da receita bruta, incremento de 1,5 ponto percentual em 12 meses.
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