Raízen estuda sócio para etanol de segunda geração e venda da Oxxo, dizem fontes

Gigante de energias renováveis avalia alternativas para levantar capital e reduzir a alavancagem da Cosan, disseram fontes à Bloomberg News; empresa não quis comentar

Tanques de combustíveis da Raízen em Mato Grosso: empresa é um dos players dominantes do mercado de etanol no mundo
Por Rachel Gamarski - Cristiane Lucchesi - Vinicius Andrade
23 de Novembro, 2024 | 02:03 PM

Bloomberg — A Raízen avalia a venda de uma participação em suas usinas de etanol de segunda geração para levantar dinheiro para investimentos e ajudar seu principal acionista - a Cosan, de Rubens Ometto - a reduzir a alavancagem da dívida, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto que falaram com a Bloomberg News.

A Raízen (RAIZ4), uma joint venture de capital aberto entre a Cosan (CSAN3) e a gigante do petróleo Shell, também considera a possibilidade de vender sua participação na operadora brasileira de lojas de conveniência Oxxo, disseram as pessoas.

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A rede não é essencial para os negócios da empresa, disseram as pessoas, que pediram para não serem identificadas porque as discussões são privadas.

Leia mais: Raízen: como a rede de mercados Oxxo ajuda a vender mais combustível

Nenhuma decisão final foi tomada sobre qualquer um dos negócios, e as conversas podem não terminar em um acordo, disseram as pessoas. A Raízen não quis comentar.

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Para o negócio conhecido como E2G, a Raízen pensa em uma parceria em uma nova unidade de negócios que reuniria todos os ativos relacionados, incluindo duas fábricas que já estão em operação.

O novo parceiro se juntaria à Raízen em uma joint venture, injetando capital nessa nova unidade E2G. A Raízen poderia, então, descartar os investimentos recorrentes já comprometidos a partir dos lucros.

A participação no negócio de etanol foi oferecida a fundos de investimento, disseram as pessoas.

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O biocombustível chamado de E2G é produzido a partir de matéria seca vegetal, também conhecida como biomassa lignocelulósica.

A tecnologia proprietária da Raízen utiliza resíduos de cana-de-açúcar para aumentar a produção de etanol em 50%. A empresa tem cerca de 4,3 bilhões de euros (US$ 4,48 bilhões) em vendas já contratadas, de acordo com uma apresentação no site da Raízen.

O operador brasileiro da Oxxo é o Grupo Nos, uma parceria entre a Raízen e a Femsa , do México, que cuida da marca de lojas de conveniência em toda a América Latina.

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Leia mais: Cosan avalia venda de fatia na Vale para reduzir a sua dívida, segundo fontes

Empresas varejistas no Brasil, em geral, têm enfrentado dificuldades diante da concorrência online e das altas taxas de juros, o que poderia tornar a participação uma venda difícil.

A Cosan, um império de açúcar e etanol que se espalhou por diferentes áreas de negócios, desde a produção de lubrificantes e distribuição de gasolina até o transporte ferroviário e o fornecimento de gás natural para residências, viu suas ações caírem para o nível mais baixo desde o início de 2019.

A alavancagem aumentou após uma decisão de 2022 de assumir dívidas para comprar uma participação minoritária na produtora de minério de ferro Vale (VALE3), um investimento que proporcionou retornos considerados “medíocres” por analistas de equity research do BTG Pactual.

A Cosan disse a investidores que todas as opções estão sobre a mesa para melhorar seu balanço patrimonial, incluindo a venda de parte ou da totalidade de sua participação de 4,1% na Vale, noticiou a Bloomberg News em setembro, citando pessoas familiarizadas com o assunto.

A empresa também avaliou a possibilidade de vender o negócio de distribuição de gasolina da Raízen na Argentina. Nenhuma decisão final foi tomada.

-- Com a colaboração de Dayanne Sousa.

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