Private equity da XP prepara transação para fechar fundo II, diz Chu Kong

Sócio que lidera a área na XP diz que ‘vamos chamar muito capital’ para o fundo III em 2024 e que prevê ‘ciclo virtuoso’ no mercado nos próximos dois anos, em painel na Expert

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Bloomberg Línea — O “braço” de private equity da XP, liderado por Chu Kong, se prepara para anunciar uma transação em duas semanas que deve zerar o capital disponível do segundo fundo, ao mesmo tempo em que se prepara para o lançamento e a captação do fundo III em 2024.

As informações foram dadas por Chu Kong durante um painel dedicado ao mercado de Venture Capital e Private Equity na Expert, evento anual da XP (XP) realizado em São Paulo neste sábado (2).

Kong disse que prevê um “ciclo virtuoso” chegando nos próximos dois anos. “O fundo I teve um sucesso enorme, e depois veio o fundo II que levantamos. Certamente no ano que vem vamos chamar muito capital”, disse o experiente investidor, salientando que “vamos investir muito rápido”.

“Em duas semanas teremos excelentes notícias, vamos anunciar uma transação. Com isso o dinheiro vai acabar. Vocês me aguardem, fundo I e fundo II serão ‘porradas’, e o fundo III, no ano que vem”.

Sob gestão da XP PE Gestão de Recursos (gestora do grupo XP Asset) e liderado por Chu Kong, o XP Private Equity II FIP Multimercado é o segundo fundo de private equity da XP, que finalizou em março de 2023 uma captação de R$ 1,7 bilhão. O FIP conta com mais de 16.000 cotistas e tem como foco investimentos em empresas de médio porte.

O último investimento anunciado do fundo foi em julho, com a aquisição de uma participação societária no valor de R$ 300 milhões na Superbac, uma empresa brasileira de biotecnologia que desenvolve soluções utilizando bactérias para otimizar processos de produção em diferentes indústrias.

Chu Kong estava também à frente da gestão do SPAC da XP, o XPAC, que tinha tinha anunciado fusão com a Superbac para levá-la à bolsa. Mas, em maio deste ano, a Superbac informou que havia encerrado o contrato por causa de “condições desfavoráveis do mercado público, desvantagens da listagem pública e ausência de investimentos Pipe [que envolveriam emissão de dívidas, garantias e debêntures conversíveis com geração de recursos pra um ‘minimum cash condition’ para fusão].

Kong deixou a gestão do SPAC, mas investiu R$ 300 milhões na Superbac via private equity. O SPAC da XP foi deslistado e seu ticker foi comprado pela Zalatoris II Acquisition Corp.

Ao todo, a XP Asset tem mais de R$ 155 bilhões em ativos sob gestão e mais de 3 milhões de cotistas em diferentes categorias de ativos.

Otimismo e paciência nas saídas

Kong comentou o cenário atual e ressaltou que a economia é cíclica e que tanto crises quanto bull markets são temporários. “Minha mensagem é de otimismo. Esquece quem está no governo: a economia é cíclica e não tem crise ou bull-market para sempre. Vamos viver bons momentos.”

Questionado sobre a estratégia de saída nos investimentos em private equity, ele disse que a consideração da saída deve estar presente desde o início do investimento, seja por meio de vendas estratégicas ou por meio de uma oferta pública inicial (IPO); e alertou para a importância de não se concentrar apenas na liquidez mas também na criação de valor ao considerar uma estratégia de saída.

“As marcações de private equity são nominais. Fundo de private equity só realiza quando vende. Hoje se fala muito na nova janela de IPO, mas eu vou dar uma desmistificada em cima disso, que me perdoem os bankers”, disse Kong, que fez uma ressalva sobre o começo da volta de liquidez no mercado.

“Vem a liquidez se você tiver a saída, mas você não é retribuído pela criação de valor que teve na tese de investimento. Se você teve uma tese maravilhosa, você vai soltá-la? Não se acha tese disruptiva a rodo. Está vindo uma janela de liquidez, mas ainda não é a janela de valor. Temos que ser precavidos com isso”, disse.

Preocupação semelhante foi compartilhada pelo líder do SoftBank no Brasil, Alex Szapiro, durante evento nesta semana que passou. Szapiro disse que “o grande erro de um venture capital é sair na hora errada”.

“Não é porque aquilo se tornou líquido que efetivamente faça sentido sair. Se você continua achando que aquela empresa vai continuar valorizando, fazendo um bom serviço, crescendo, entregando mais, não temos a urgência de sair”, disse Szapiro.

No painel neste sábado, Kong explicou que, como investidores de médio a longo prazo, os fundos de private equity são menos afetados por conjunturas econômicas, o que lhes permite tomar decisões estratégicas. Ele observou que variações macroeconômicas não impactam significativamente seus negócios e que estão preparados para aproveitar valuations mais altos ou mais baixos.

“Em private equity, surfamos conforme as ondas. Quando vem uma marolinha, compramos empresa. Quando vem uma onda grande surfamos no tubo”, disse, ressaltando que valuations maiores ou piores podem facilitar, já que, em momentos ruins, fundos compram, e, nos bons, vendem, maximizando valor.

“Somos muito menos movidos por valuations ou barganhas, às vezes o barato sai caro. Vamos atrás de teses de investimento”, afirmou.

O investidor ressaltou que os cinco setores-chave em que sua equipe se concentra tem a ver com o histórico dos fundos: Odontoprev (ODPV3), Stone (STNE) e XP (XP), ou seja, saúde, financeiro, educação e tecnologia, além de reprodução assistida com os investimentos recentes na Fertility.

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